segunda-feira, maio 31, 2010

O poder da superação

A filosofia explica que essa qualidade que o ser humano tem de superar suas limitações foi vista de maneira diferente por dois filósofos: Schopenhauer e Nietzsche. O primeiro era um pessimista de carteirinha e achava que nada, ou pouco, podia ser feito para mudar o rumo das coisas. Ele apenas achava que quando algo de ruim sucede na vida de alguém, isso se deve a forças externas muito maiores que as forças próprias dessa pessoa. Então, de pouco adiantaria lutar. Ele não era fatalista, mas, de certa forma, era conformista. O segundo acreditava na capacidade do homem em “dar a volta por cima”, apesar de achar que isso não era para todos. “Tudo o que não me mata me fortalece”, teria dito o filósofo, dando a entender que possuímos o poder de superar nossas fraquezas e nossas dificuldades, e que são estas que acionam o gatilho que dispara tal poder. A força está em nós basta usá-la. Claro, nem todos conseguirão usar esse poder interior.

Vi Dn Lucia pela primeira vez em 11 de dezembro de 1993, quando foi inaugurada a Veterinária Cara de Bicho, sociedade que o Eduardo tinha em Jacarepaguá. Nossos contatos inicialmente sempre foram por telefone, sem um envolvimento mais próximo. Depois que viajamos por duas temporadas para o estado do Espirito Santo, sua terra natal que o gelo foi quebrado e nesses dias parecia até que havia iniciado uma amizade entre a gente. Mas quando voltávamos tudo continuava como antes. Nesses afastamentos acho até que me considerava um estranho, tamanho era sua frieza ao falar comigo por telefone. Mesmo nas poucas vezes que passávamos juntos no apto do recreio, nosso relacionamento sempre foi formal, embora tivéssemos dias alegres, com bastantes conversas e histórias, já que é uma boa contadora de histórias. Mas dentro desse distanciamento sempre me tratou bem. Enfim, sempre entendi esse seu jeito e respeitava.

Fui sabendo muito mais sobre a Dn. Lucia pelo que o Eduardo me contava. E nesse seu currículo de vida o que mais chamava a atenção era a quantidade de problemas de saúde que ela passou a apresentar num determinado período da sua vida. Foram problemas sérios, graves, ainda mais para uma pessoa com a sua idade. O mais grave até então foi seu problema no joelho que a obrigou a algumas cirurgias, mas não impediu que precisasse andar de bengala. Se já não bastava esse caso, um problema no coração fez com que enfrentasse outra cirurgia bastante séria. Esses fatos me impressionaram, e por tudo isso ela se enquadra perfeitamente no que Nietzsche diz sobre o poder de superação que algumas pessoas têm. E por incrível que pareça ela precisou demonstrar várias vezes que tem esse poder. Qualquer outra pessoa, até mesmo mais jovem estaria se revoltando com tantos reveses que a vida apresentava, mas nunca percebi isso nela. Nunca a vi se lamentando por passar por esses desafios.

Edu ainda estava conosco quando se descobriu a necessidade de uma nova cirurgia na perna da sua mãe. Acompanhou todo processo para refazer essa cirurgia, mas como seu caso naquele momento era o mais importante, ela pode esperar e somente agora nessa semana vai poder reparar um erro cometido na cirurgia anterior. Estaremos rezando para que tudo dê certo. E vai dar. Basta olhar seu histórico de dramas para considera-la como uma mulher de fibra, de coragem e força. Nunca me passou que ela se abatia com essas dificuldades, no final sempre saia contando histórias dos momentos que estava hospitalizada e agradecida ainda distribuía as suas tradicionais medalhinhas dos mais variados santos a médicos e enfermeiros. Por tudo que já passou não me parece que seja uma mulher que desiste facilmente. Ela sempre deu a volta por cima em outras situações e mais uma vez é isso que esperamos dela em mais essa luta que irá enfrentar, mesmo tendo passado por um drama bem maior recentemente. Sei que em nome desse filho ela vai ser forte novamente e mostrar para ele que venceu mais essa cirurgia.

Que ela retorne para sua casa e depois de recuperada ir agradecer a Nossa Senhora Aparecida por mais essa graça alcançada. Sei que é isso que ela vai querer fazer porque era isso que o Eduardo queria que ela fizesse. Na última vez que fomos à cidade de Aparecida ele ficou todo entusiasmado ao ver que havia cadeiras de rodas no estacionamento que facilitava a circulação por toda a Basílica de pessoas com dificuldades de locomoção. Sei que isso deve estar na cabeça dela nesse momento e com certeza esse pensamento vai lhe dar mais força para passar por mais essa provação. Deus a abençoe.

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