sexta-feira, abril 30, 2010

É Sexta-feira.

É Sexta-feira. Todos os dias são tristes para mim desde que Edu se foi, mas as sextas feiras definitivamente é um dia que fico perdido, sem meu chão, sem cor, sem vida. Porque as sextas feiras representava para mim o inicio de um final de semana feliz ao lado da pessoa que amo. Deixava ir embora os aborrecimentos, o cansaço, a tristeza e embarcava num mundo de alegria, de diversão, de namoro, de brincadeiras, de risadas, de beijos, de novidades e de paz.

Nesses anos todos me acostumei com Eduardo indo me buscar no trabalho. E por ser no centro da cidade facilitava tudo. No centro da cidade tem tudo que precisamos para iniciar o final de semana bem, ainda existiam os cinemas de rua, tem teatros e bons restaurantes. Escolhemos como nosso point o antigo verdinho, ao lado do também antigo cine Pathé na Cinelândia. No começo éramos somente eu, ele e o amigo Zé Reinaldo. Os cinemas de rua acabaram e o verdinho também. Pulamos então para o vermelhinho também na Cinelândia, ao lado do amarelinho. Quantas sexta feiras ficamos ali fazendo hora para cair no samba no Paraíso do Tuiuti em São Cristovão. Na maioria das vezes ficávamos somente ali, bebendo e comendo com os amigos. Já tínhamos até um garçom exclusivo, o Noel. Quantas besteiras conversamos naquela mesa de bar, quantos problemas do Brasil e até mesmo Mundial resolvemos ali entre um copo e outro de Chopp. Aos poucos a mesa foi crescendo com os demais amigos.

Muitas vezes Edu preferia marcar nas sextas feiras para fazer um domicilio já que passaria para me buscar. E então houve algumas sextas que passamos para vacinar os gatos do Zé Reinaldo que ainda morava na Lapa ou o cachorro do Alexandre em Botafogo. Outras vezes íamos para as Lojas Americanas do Passeio só para fazer compras, ou então comer Yaksoba no Mr. Chan só nos dois. Havia sextas feiras especiais, como a que antecedia ao carnaval porque ficávamos nos divertindo, bebendo e comendo nas barraquinhas. Abríamos os trabalhos carnavalescos naquele grande baile da Cinelândia. Iniciar a sexta feira assim era ter um final de semana alto astral. E sempre procuramos isso, passar momentos juntos de muita felicidade.

Raro era as vezes que não tínhamos nada para fazer e íamos direto para casa. Direto é força de expressão porque sempre encontrávamos um jeito de fazer alguma coisa até chegar a casa, por mais simples e boba que fosse. Eduardo foi a melhor das companhias que conheci na vida e mesmo fazendo o que parece ser nada, ir embora direto para casa, para mim era algo maravilhoso. Conversar com ele sempre foi muito prazeroso, aprendi muito, eram momentos de trocarmos ideias e de fazer planos. E quando acontecia de irmos direto para casa, ele passava no bar Beduíno antes para comprar duas esfihas e dois quibes para ir comendo enquanto conversávamos. Esse bar era o mesmo que muitas vezes nos reunimos com meus colegas do trabalho.

O trajeto para casa na maioria das vezes era o mesmo, Aterro do Flamengo, praia de Copacabana, Ipanema, Leblon, subida da Niemeyer (às vezes ficava irritado com o engarrafamento), São Conrado e Barra da Tijuca. As vezes parávamos na Barra para jantar ou fazer compras no Extra 24 hs. Outras vezes preferíamos jantar no Recreio mesmo e fazer compras no Mundial. Engraçado porque nada dessas coisas era um fardo, ou algo sem graça, muito pelo contrário, sempre fazíamos isso com muita alegria pelo simples fato de estarmos juntos, curtindo nossa vida de casados. Nem mesmo levar as sacolas das compras da garagem para o primeiro andar tirava nosso humor, bom, as vezes tirava sim, tanto o meu quanto dele. O momento de guardar as compras era meu e o de preparar o jantar era dele. Depois do banho já abria um vinho e colocava na sua taça onde eu dava uns goles de vez enquanto.

Lembro que poucas vezes foi direto da Clínica para casa. Raro acontecer de sair cedo mas quando acontecia me ligava dizendo que ia direto e me cobrava chegar rápido, tanto que já no ônibus me ligava de tempos em tempos querendo saber onde estava. Não adiantava eu dizer que ligaria quando estivesse perto porque ele voltava a ligar. Eu gostava disso, ria com sua insistência, me fazia sentir querido, com ele se preocupando comigo, sentindo a minha falta. Ter alguém e ser de alguém é muito precioso. Quando chegava perto do Supermercados Mundial eu ligava avisando que estava próximo. Fazia questão de me pegar de carro no ponto de ônibus. Eu algumas vezes não telefonava porque me incomodava ele largar tudo que estava fazendo, pegar o carro e ir me buscar. Mas nem sempre adiantava porque ele vinha assim mesmo, sempre fez questão de fazer isso. Ele gostava e eu mais ainda desse carinho.

Bastava chegar à cozinha e já sentia o cheirinho bom da sua comida. Posso sentir ainda o cheiro do “seu caldeirão da bruxa” como eu chamava suas misturas de temperos. Sempre inventava uma novidade e arrumava os pratos lindamente. Fazia questão de perguntar se estava bom, se eu havia gostado. Tinha necessidade da minha aprovação e muitas vezes eu gostava de brincar com ele fazendo cara de que não estava bom. Ele ficava chateado, mas nada que uns beijos e abraços não selassem a paz. Não sei cozinhar, mas quem provou sabe que ele realmente cozinhava muito bem e o que é melhor na maioria das vezes cozinhou pra mim. Minha parte era lavar a louça depois do jantar enquanto ele preparava seu chá para ficarmos na sala vendo TV. E essa noite de sexta feira terminava assim, dormindo cedo.

Essa era minha sexta-feira, às vezes muito agitada, e outras bem tranquilas. Nunca eram sexta feiras iguais. Normais eu diria, mas nunca vazias. Gostávamos das mesmas coisas e curtíamos nossa vida assim, desse jeito. Um respeitava a vontade do outro, com cada um sempre cedendo para ver o outro feliz. Claro que não foi sempre assim, não foi de uma hora para outra, fomos aprendendo com o passar do tempo, aprendemos a respeitar um ao outro, a perdoar, a ser companheiro, entre tantas outras coisas, mas o mais importante fator de equilíbrio no nosso relacionamento sempre foi o amor. Quando amamos a pessoa que esta ao nosso lado, só nos importamos em viver o presente de forma serena e segura. Por isso as sextas feiras não tem mais sentido para mim, se tornou apenas mais um dia da semana e não mais aquele dia em que se abria num leque de possibilidades. Um dia que nós dois mergulhávamos na vida de peito aberto, buscando ser feliz em tudo que nos era prazeroso, desde simples momentos de andar pela Cinelândia como ficar surdo pela bateria de uma escola de samba. De se emocionar com um filme no cinema, de rir numa peça de teatro ou dançar num grande show. Vivemos tudo que tivemos vontade e sempre juntos, um estimulando o outro. O NÃO nunca existiu quando se tratava de um bom divertimento juntos, não havia nem tempo, nem hora.

quinta-feira, abril 29, 2010

Para a amiga Adriana.

De: Adriana
Assunto: Oi!!!!
Para: José Carlos
Data: Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010, 22:34

Oi querido amigo!
Novidades: estamos indo ao Rio em abril para comemorar o meu aniversario e o aniversario da minha irmã e vamos fazer uma super festa!
A festa vai ser no dia Primeiro de maio, ou seja, aproveito para comemorar o seu niver antecipado, ne?
Bom, preciso que você me mande o seu endereço de novo, pois não sei se tenho o endereço do Recreio correto (vocês ainda estão morando lá?). Como vai o Edu?
Bom, espero que o seu e-mail ainda seja este...

Beijos,
Adriana

Quando viajamos acabamos por fazer amizades com outros viajantes de várias cidades do País, é inevitável que isso aconteça. E com alguns acabamos tendo afinidades e no final nos despedimos. Com Adriana foi diferente, nos conhecemos no voo para Fernando de Noronha nas férias de maio de 1997. Mesmo não ficando na mesma pousada, fizemos todos os passeios juntos, e por estarmos sempre juntos, rindo, nos divertindo, acabamos por nos conhecermos um pouco mais e essa interação fez com que trocássemos telefones por que ela também morava no Rio, logo essa amizade não seria mais uma que ficaria somente nas lembranças e fotos de viagens. Adriana com sua voz doce, seu jeito meigo nos cativou e passamos a nos encontrar também por aqui. Esse laço de amizade se estreitou tanto que estivemos presentes em alguns momentos felizes de nossas vidas. Esteve presente nas festas que organizávamos, nos aniversários do Eduardo, tanto na casa de Jacarepaguá quanto na do apto do Recreio. Assim como estivemos presente no seu casamento e sua partida para morar nos Estados Unidos já que seu marido é americano. Essa amizade é a prova concreta de que mesmo a distância é possível manter um laço afetivo grande, com o mesmo carinho e respeito como se estivéssemos próximos. Tanto assim que sempre que vinha ao Rio fazia o possível para que nos encontrássemos, como dessa vez, justamente quando me manda esse e-mail acima avisando que chegaria e fica sabendo da triste notícia que nos abateu. Aquela mesma Adriana, doce, meiga, carinhosa, atenciosa e preocupada que conhecemos em 1997, ligou para falar comigo, para me confortar e se confortar também já que ficou bastante comovida com o ocorrido. Veio dela algumas palavras que me fizeram voltar a confiar em Deus. Suas sábias palavras me fizeram ver que claro que Deus me ouviu nas minhas orações, caso contrário poderíamos estar até hoje ou quem sabe quanto tempo mais, num sofrimento maior. Ela me fez ver isso, por isso sou grato pela sua amizade, seu carinho. Como combinado vamos nos encontrar dessa vez para celebrar seu aniversário e terei o prazer de poder abraçar essa grande amiga e agradecer pela distância não nos ter separados.
Aqui embaixo mais um e-mail que trocamos quando lhe contei que Edu havia partido. Pelas suas palavras percebe-se o quanto é carinhosa.

Tristeza
Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010 23:48
"Adriana"
"José Carlos Albernaz"
Oh Zé Carlos...
Que noticia horrível! Meu Deus, que coisa repentina, eu não tinha a menor ideia!
Nestas horas a gente tem que se armar de coragem e tem que pensar nas coisas boas, no privilegio que tivemos de ter uma pessoa tão maravilhosa em nossas vidas, ainda que por tão pouco... E também, por mais que doa pelo fato de a doença ter sido rápida e por ele não ter que sofrer por tanto tempo.
Mas, não sei não ha o que se falar o momento e de chorar tudo o que a gente puder, que no fim a gente acaba se consolando e o luto e mais do que necessário.
Parar de doer, não para nunca, nos sabemos. O meu pai se foi ha quase 15 anos e a sensação de vazio não se acaba... Mas, com o tempo, a gente percebe que as pessoas que amamos passam realmente a fazer parte de nos e nos acompanham o tempo inteiro.
O Edu era uma pessoa luminosa, a bondade e o eterno sorriso ingênuo dele contagiavam a gente, ne? Ate em relação à profissão dele, podemos ver que ele era especial. Pessoas que tem conexão com animais, que conseguem amar e ser amados por criaturas que não sabem se expressar através de palavras são definitivamente escolhidas por Deus. E talvez seja esta a razão de Ele querer tê-lo ao seu lado mais cedo...
Meu amigo querido, aceite o meu beijo e abraço muito apertado. Assim que chegar ao Rio vamos nos encontrar, com certeza.
Vou pedir para a minha irmã botar o seu convite no Correio. Vou adorar que você vá, mas vou entender se você resolver não ir... De qualquer maneira, vejo você em breve.
Que Deus te abençoe,
Adriana

terça-feira, abril 27, 2010

Poderia ser a nossa história

Mas não é. Li num blog português chamado "Partilha-te", que por sua vez faz parte de histórias de um livro com o mesmo nome. Me identifiquei e por isso estou anexando e compartilhando com vocês. Aos que vivem neste século aconselho a lerem porque é muito bonita, verdadeira e inspiradora.

A nossa história
Porque achei o projeto com interesse, quero partilhar a minha experiência homossexual com a esperança que ela irá contribuir positivamente para que a nossa sociedade passe a acreditar que uma relação “homo” pode ser tão bela e duradoura como uma “heterossexual”.
Uma vivência em união de fato “homo” só exige como qualquer outra uma coisa, a existência desse sentimento, tão velho como o mundo, a que se chamou “Amor”.
A minha relação começa em Outubro de 1967 no desaparecido Café Monumental com uma simples troca de olhares e de uma atração física muito forte. Depois de alguns encontros e apesar de ambos termos namorados, chegámos à conclusão que algo nos tinha acontecido e merecia um relacionamento mais estreito.
Ficámos livres e todos os dias surgiam mais indícios de entendimento, de interesses comuns e de um grande desejo de estarmos juntos, cada vez com mais frequência e durante mais tempo. Vão passando os dias até que em 1969 já não temos dúvidas, estamos unidos e presos por um grande amor. Há que investir nesta relação, fazer dela uma união familiar em que o meu e o teu passem a ser nosso e assumi-la se nos fosse perguntado. Com esta decisão deixei a casa dos meus familiares, alugamos uma casa maior e fui viver com ele e a mãe. Nesta altura começa outra fase da nossa vida a dois. Tudo é mais partilhado, desde um quarto só para nós à manutenção da casa, aos projetos para o futuro, aos problemas maiores e menores que surgiam por se viver em comunhão total, enfim tudo o que é inerente a uma família. Os anos vão decorrendo e, apesar de nenhum de nós sermos perfeito ultrapassamos as divergências surgidas com certa facilidade, talvez porque cada vez mais nos conhecíamos melhor e nos sentíamos unidos por um grande amor, compreensão e um entendimento sexual muito forte.
Nunca nos sentimos discriminados, nunca foi necessário afirmar que éramos um casal “gay”. Os amigos, colegas de trabalho, familiares e outros aceitaram-nos sempre sem perguntas ou insinuações. Talvez houvesse alguns que não estivessem muito de acordo, no entanto nunca o demonstraram, pois a educação é muito bonita mesmo que isso às vezes obrigue a engolir algum sapo. Fomos realizando os nossos sonhos, o apartamento com vista para o mar que tanto desejámos, viajámos, vimos os grandes espetáculos de ópera e musicais em Nova Iorque e Europa, tivemos uma vida a dois da qual não nos pudemos queixar e posso afirmar que vivemos a felicidade, não a total, porque não existe, mas a possível.
Mas como tudo tem um fim, em Janeiro de 2008, quarenta anos depois, ele partiu, foi traído pelo coração, esse mesmo coração onde tantos anos morei, disso tenho a certeza. Amei muito, mas também fui muito amado. Foi um grande desgosto, até porque nada fazia prever esta partida súbita. Valeram-me os amigos e famílias e até alguma ajuda médica. Fiquei na nossa casa, no nosso quarto que mantenho tal e qual estava, vivendo com a mãe dele que trato e tratarei o melhor que puder, não só porque a ela me ligam laços que considero familiares, mas também em memória dele que a adorava. Para terminar, afirmo que valeu a pena ter vivido esta união de fato durante 40 anos com um companheiro com quem partilhei uma paixão e um grande, muito grande amor. Hoje vivo com a saudade e as recordações de tantos anos. Sei que jamais voltarei a sentir algo de parecido. Viverei com a sua imagem, o seu querer, as suas palavras, poemas e tantas provas de amor que me deu, até ao dia em que partirei ao seu encontro. Serei novamente feliz!

PS. Recorri ao tribunal para me habilitar ao que a lei confere ao sobrevivente de uma União de fato. O julgamento já se realizou e espero a sentença.

Carlos
65 Anos



domingo, abril 25, 2010

Thank You - Simply Red

Quem quiser conhecer o homem sensível que foi o Eduardo basta prestar atenção nas letras das músicas do Simply Red. Vou usar uma que diz muito do que sinto por ele.
Embaixo a tradução da música Thank You, do Simply Red.
Obrigado por tudo, meu amor!

Ouça a música vendo este video.

http://www.youtube.com/watch?v=wLXT2qeFAgE

Thank You (Obrigado)

Eu lhe agradeço pelas coisas que me mostrou
Obrigado pelo amor a minha vida
Pelos menos por agora está tudo realmente, realmente acabado
Oh Deus, eu realmente lhe agradeço, baby
Acima de tudo obrigado por seu amor
Como as pessoas de bem deveriam agradecer
Eu lhe agradeço
Eu realmente agradeço
Por toda a minha vida
Eu realmente agradeço
Minhas recordações, eu as guardo e lembro
Todos os dias pelo resto de minha vida
É verdade que necessito de você em todas as maneiras imagináveis
Me veja, me sinta eu quero dizer
Acima de tudo obrigado por seu amor
Como as pessoas de bem deveriam agradecer

Edu e o Simply Red


Quando você começa uma vida em comum, aos poucos vai conhecendo os gostos da pessoa amada, cor favorita, comida preferida, perfumes, roupas, filmes, tipo de música, ídolos, etc. E foi nesse aprendizado sobre os gostos do Eduardo que vim conhecer e a gostar do Simply Red. Tinha todos os CDs e alguns DVDs do grupo. Lembro-me de ter dado a ele o melhor do Simply Red, que deixava para ouvir no carro. Era realmente um fã ardoroso. Ele gostava de muitos ritmos e grupos mas se fosse destacar o principal, com certeza esse seria o Simply Red. Basta ver a quantidade de cds desse grupo que temos em casa.

E não mais que de repente vi um outdoor na rua divulgando o show que o grupo fez no Rio.  Duvido que ele deixaria passar essa oportunidade. E para falar a verdade acho que não deve ter deixado, com certeza deve ter dado uma expiadinha no show. E o melhor dessa turnê, chamada de "Greatest Hits Tour”, é que como o próprio título já anuncia, privilegia os grandes sucessos do grupo. E isso significa que todo o caldeirão sonoro da banda foi apresentado. Pop, soul, rhythm and blues, funk, reggae, new romantic, rock, baladas. Ia ser uma delicia para quem é fã do grupo como ele, ficaria plenamente recompensado, com um show de música da melhor qualidade. Que pena que não podemos ver juntos essa passagem de despedida deles por aqui.

sábado, abril 24, 2010

Ao amigo Wagner


Sempre gostei das amizades que começam lentamente, onde cada dia descobrimos um pouco mais dessa pessoa. Desses amigos que não fazemos conta de quando nos conhecemos tamanho é o envolvimento entre as nossas vidas. São pessoas especiais, daquelas que estão sempre prontas a ajudar.

Conheci o Wagner fazendo academia no SESI e entre um exercício e outro passamos a conversar. A princípio somente papos normais da vida. Fomos descobrindo que torcíamos pelo mesmo time, que tínhamos o mesmo signo, que gostava de viajar e assim foi indo. Tem um sorriso que te cativa e transmite uma alegria que me fez tomar coragem para lhe convidar para desfilar na minha ala.

Só aceitou meu convite no ano seguinte e acho que o carnaval nos uniu. Entramos em sintonia pela alegria que a festa proporciona. Na verdade, o carnaval foi somente uma das muitas festas que passamos a dividir. Passou a frequentar a nossa casa e a fazer parte das nossas vidas. Meus amigos são tudo pra mim, mesmo estando casado, nunca vivemos isolados, pelo contrário, os amigos sempre estiveram juntos, compartilhando todos os momentos da nossa vida.

E o que desejo para mim, desejo para meus amigos, a felicidade sempre. Procuro fazer com que se sintam a vontade e felizes, gosto de dividir com eles esses momentos. Se pudesse não deixava que nada de mal acontecesse com eles. Na primeira ida do Wagner ao apto do Recreio os outros amigos também se encantaram pela sua simpatia e por se sentir a vontade acabou virando o foco das brincadeiras do restante do grupo. Claro, ele achava graça de tudo, mas aquilo me deixou incomodado e no dia seguinte liguei para pedir desculpas. Diplomático, me falou que havia gostado de tudo e de todos. Pronto, finalmente havia passado no batismo de fogo que é entrar para nosso círculo de amigos.

E um amigo que te confidencia segredos é um amigo especial porque isso demonstra que tem confiança em você. E a recíproca sempre foi verdadeira porque foi ao seu lado e do Adriano que chorei pela primeira vez, num desabafo pela dor e tristeza que estava passando no Reveillon do ano passado. E sua presença no réveillon do Recreio sempre foi uma constante, assim como todas as outras festas que celebramos juntos. O final de ano sempre foi uma data onde fortalecemos nossa amizade e renovamos o desejo de estarmos sempre juntos no ano que se inicia. E felizmente sempre foi assim. Por isso só posso ficar feliz por tê-lo como meu amigo e saber que poderei sempre contar com você, quer nos momentos alegres quanto nos tristes. Que Deus te abençoe sempre.

sexta-feira, abril 23, 2010

23 de abril dia de São Jorge


Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge. Filho de pais cristãos, Jorge aprendeu desde a sua infância a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.

Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe após a morte de seu pai. Lá foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções.

Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."

Como São Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Jorge sempre respondia: "Não, imperador ! Eu sou servo de um Deus vivo ! Somente a Ele eu temerei e adorarei". E Deus, verdadeiramente, honrou a fé de seu servo Jorge, de modo que muitas pessoas passaram a crer e confiar em Jesus por intermédio da pregação daquele jovem soldado romano. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.

A devoção a São Jorge rapidamente tornou-se popular. Seu culto se espalhou pelo Oriente e, por ocasião das Cruzadas, teve grande penetração no Ocidente.

Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu contra Satanás terríveis batalhas, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado num cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.

Fonte: http://www.casadobruxo.com.br/textos/magia94.htm

SÃO JORGE - OGUM

Ele é o Senhor da guerra, indomável e imbatível defensor da lei e da ordem, defende os fracos e os que estão em demanda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens o trabalho com ferro e aço. Seus instrumentos, além da espada são: alavanca, machado, pá, enxada, faca, etc. Com os quais ajudou os homens a dominar à natureza e a transformaá-la.
No sincretismo Ogum é associado a São Jorge, 23 de Abril.

HISTÓRIA

Conta uma lenda que ao chegar a uma aldeia Ogum ficou furioso. Ele falava com as pessoas, mas ninguém o respondia. Isto aconteceu sucessivas vezes, e sempre que se dirigia a um morador da aldeia só tinha silêncio. Ele achou que as pessoas da aldeia estavam zombando dele e num ato de fúria usou seu poder e matou a todos que ele pensava estarem o humilhando.
Um dia ao passar por outra aldeia ele contou a um ancião o ocorrido e este lhe disse que na aldeia por onde Ogum passara as pessoas, naquela época do ano, faziam um voto de silêncio por alguns dias.
Ao saber disso ele ficou enfurecido consigo e envergonhado, jurou proteger os mais fracos e todos aqueles que estivessem sofrendo injustiças, discriminações e qualquer tipo de perseguição injusta.

O devoto Eduardo

Estou aproveitando esse dia para postar um e-mail que meus queridos amigos Vitor e Inês enviaram para os componentes quando da entrega das fantasias da nossa ala. Emocionei-me no dia e queria partilhar com vocês hoje, no dia de São Jorge, padroeiro da nossa escola e da ala. Sei que ele deve ter gostado muito desse carinho.
Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 2010 10:49

De:Vitor
Para: Inês
Cco: José Carlos

Oi gente amiga e Devota,

Já é carnaval.

Amanhã vamos entregar as fantasias e em poucos dias estaremos contornando a esquina das avenidas marquês de Sapucaí e presidente Vargas com nossos corações saindo pela boca.

Eduardo e São Jorge orem por nós: nossas escolas como todo sabem, não tem bicheiro e vive do trabalho voluntário de gente que ama a escola. Saiba que cada um de nós tem muita importância nesse momento. Nosso santo de devoção nunca nos faltou e tenho certeza abençoará o nosso desfile. Na semana passada perdemos um amigo muito importante na ala. O devoto Eduardo Duarte Simonato estará agora ao lado do santo guerreiro, pedindo por nós, tenho certeza! Vamos desfilar com garra, pelo Eduardo, pelo Império Serrano e por todos nós!!!!



quinta-feira, abril 22, 2010

Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós

quarta-feira, abril 21, 2010

Sheila Maria

Parece que foi ontem. Nem sei em que momento nossa amizade se solidificou, o momento que passamos de amigos a irmãos. A impressão que tenho é que sempre fomos unidos, a vida toda. Mas o fato é que há 17 anos você foi trabalhar como recepcionista na Clinica Cara de Bicho, e de funcionária passou a amiga e de amiga a irmã. Conheci você porque fazia várias visitas ao Eduardo na Clínica e fui com sua cara de primeira. Tem pessoas que é assim, e você não entende direito porque se identifica logo de cara. Aos poucos fomos nos envolvendo através das festas que fazia na casa de Jacarepaguá. Acho que nos unimos inicialmente por isso já que você também é festeira. Aliás, diga-se de passagem, você é a festa!


Mesmo quando a sociedade da Clínica do Eduardo terminou nossa amizade continuou e se fortaleceu. Nem mesmo a distância fez com que nos separássemos. Por isso que digo que tem pessoas que você vê pela primeira vez, mas sabe que é para sempre, nenhum obstáculo vai fazer interromper essa amizade. Estivemos juntos em vários momentos e fases da vida.

Com a compra do apartamento do Recreio você passou a ser figura assídua. Chegou a ter espaço para guardar suas coisas e uma cama só sua. Passamos a compartilhar momentos maravilhosos juntos. Como irmãos mesmo. Foi à companheira ideal para as sonecas depois do almoço com o Eduardo e minha companhia para os banhos de mar. E a companhia de nós dois para caminhar na praia. Só de caminhar na praia não, de fazer treking, de viajar, de passear, de ir ao cinema, de ir ao Shopping, de fazer compras, de ir ao samba, de festas, do fondue, e de tantas outras coisas que se for enumerar não teria fim. Só nós sabemos e para não esquecer, registramos em milhares de fotos. E como é maravilhoso poder compartilhar momentos felizes com você. Considero-te um furacão de emoções. Tudo em você brilha mais forte, sua generosidade, sua disposição de ajudar, sua alegria, sua disponibilidade, seu sorriso, enfim sua amizade. Posso te traduzir em uma palavra apenas: alegria. Quando você chega já sabemos que chegou. Essa sua energia sempre positiva me contagia, por isso é fácil conviver com você. Todos que convivem com você sabem como você é prestativa, como tem sempre uma palavra amiga e um alô carinhoso para oferecer. Sua presença nos alegra. E saiba que alegrou muito as nossas vidas esses anos todos.

Por isso estou aqui hoje, no seu aniversário, postando essa homenagem para lhe dizer o quanto a estimo e que não posso dispensar sua amizade nunca. Ela é muito valiosa para mim.

terça-feira, abril 20, 2010

18 de Abril de 2010.


Ontem estivemos juntos para lembrar a pessoa querida e amiga que você sempre foi. Fez um lindo domingo de sol em sua homenagem e tentei fazer tudo como você ensinou. O mais importante foi que nos reunimos pela primeira vez para lembrar os momentos alegres que tivemos com você. Não sei como seria esse dia se não fosse à presença dos amigos, nossas mais valiosas joias. Sei que fisicamente você não estava, mas espiritualmente estará para sempre. Depois de conversar, rir, beber, comer, fizemos um circulo na sala e o amigo Zé Reinaldo leu a prece de cáritas.

A Morte não é Nada (Santo Agostinho)

A morte não é nada
Eu somente passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos agora que estou apenas fora de suas vistas?“ Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho” Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.”


sábado, abril 17, 2010

2009 - Último aniversário juntos


Em 2009 o aniversário caiu num sábado e mais uma vez reunimos os amigos queridos e comemoramos seu último ano de vida. Muito triste pensar que nem passava pelas nossas cabeças que toda aquela diversão, toda aquela comemoração com ele seria a última. Triste ainda pensar que cantamos o “parabéns pra você” e que na canção tem a frase “muitos anos de vida”. Com certeza cantamos todos juntos pra te dizer obrigado por você existir. Estivemos ali por sua causa, te felicitando e agradecendo a Deus por ter nos dado a oportunidade de conviver com uma pessoa tão maravilhosa, tão generosa e tão querida como você. Espero que você possa receber todo o BEM que desejamos e que Deus o proteja sempre, e todos os anjos o envolvam em raios de luz, enfim... Esteja bem! Quero que saiba que sempre considerei o dia 18 de abril a data mais importante da minha vida.

Amanhã Eduardo faria 47 anos. Talvez seja a data mais dolorosa desse luto. Nesses 19 anos nunca deixamos de comemorar seu aniversário. E no início comemorar era o mais fácil, difícil mesmo era resolver o que comprar de presente. Claro que com o passar do tempo fui percebendo que era muito simples presenteá-lo porque Edu gostava de tudo. Mas no começo eu não tinha noção dos seus gostos e queria sempre comprar a blusa mais cara, o relógio mais bonito, cordão de ouro, sapatos, enfim, objetos de marca. Logo percebi que não precisava fazer isso. Comprar presentes para ele não era mais um bicho de sete cabeças, tanto que nem precisava de datas para isso, bastava passar por uma loja e ver algo que ele gostaria que comprava. Havia vezes que caia na besteira de perguntar o que ele queria e recebia de resposta, “muitos beijos”. Hoje fico rindo da saudade de ouvi-lo dizer isso, mas eu ficava com raiva quando não me ajudava. Trocávamos tantos presentes sem precisar de datas que chegamos num ponto que não sabíamos mais o que dar um ao outro. Na dúvida restava comprar calças, blusas ou sapatos brancos, já que para um médico isso nunca é demais.

Mesmo sendo tímido Edu gostava de comemorar seu aniversário e comemoramos em festas surpresa, jantando a sois ou com amigos, viajando, ou em grandes festas. Mas nunca passamos separados. Mesmo quando a data caia em dia de semana ele dava um jeito de nos encontrarmos para jantar e no final de semana comemor com os amigos. Nessa semana eu já teria anotado na minha agenda a data que compraria o presente e já teria todo o esquema pronto para a sua festa. Como vai cair num domingo, com certeza faríamos um almoço.

Deixava o presente escondido e tentava acordar mais cedo que ele para presenteá-lo antes de levantar da cama. Momentos que não vou esquecer nunca. Se fosse roupa ele experimentava na hora, na verdade experimentava tudo, e eu olhando fixo, inseguro, me certificando se havia gostado. Agradecia com abraços e beijos. Não me lembro de nenhum presente que tenha dado que não tenha gostado. Acho que me beijaria agradecido por qualquer presente que desse porque era tão carinhoso que só por ter lembrado a data já seria motivo de felicidade.

Essa data nunca passou em branco desde que nos conhecemos e nunca deixei de presenteá-lo. Gostava de fazê-lo feliz e era um agradecimento por existir, por tê-lo conhecido e por me fazer feliz. Por isso não posso deixar esse dia passar em branco, quero continuar agradecendo os momentos felizes e o privilégio de ter convivido com uma pessoa tão especial. Já que comemorar é lembrar juntos, preciso dos amigos por perto para juntos lembrarmos os momentos alegres e divertidos.







sexta-feira, abril 16, 2010

Aniversário de 2008

Em 2008 o dia 18 caiu numa sexta feira e resolvemos reunir os amigos para mais essa comemoração no sábado. Eram noites divertidas, com muita alegria, cheias de histórias engraçadas e sem hora para terminar. Muitas vezes, continuava aos domingos.

Aniversário de 2007


Em 2007 seu aniversário caiu numa quarta feira e como a Sheila faz no dia 21 de abril e o Wagner no dia 25, combinamos que faríamos a festa dos três no sábado. E assim foi feito, com mais uma noite de festa no apartamento, com todos nossos amigos, muita alegria, muita bebida e muita comida.

quinta-feira, abril 15, 2010

Aniversário de 2002

Em 2002, o dia 18 de abril caiu numa quinta-feira, mas foi no sábado que organizamos uma festa para comemorar não só seu aniversário, mas para abrir a casa para os amigos que ainda não conheciam nosso apartamento. Foi uma festa muito bacana e como sempre divertida, e novamente tendo ao nosso redor os amigos da vida toda.

Aniversário de 1999

Em 1999 seu aniversário caiu num domingo, mas comemoramos num sábado. Já estávamos na casa de Jacarepaguá e resolvemos fazer uma grande festa. O Buffet maravilhoso ficou por conta da Sueli, esposa do Ronald e foi uma festa ótima, com seus primos e os amigos mais queridos. Foi um momento bem especial porque nessa festa estavam todas as pessoas que nunca saíram de perto das nossas vidas. Essa blusa que ele está usando fui eu que dei, mas acho que só usou nessa festa porque nunca mais o vi usando. rsrs

quarta-feira, abril 14, 2010

1992 Festa surpresa e 1993 indo para Paraty

Nossa primeira comemoração do seu aniversário foi em 1992 já que nos conhecemos em setembro de 1991. Caiu num sábado e resolvi organizar uma festa surpresa no atelier do seu primo Ronald. Já na sexta feira comemoramos com uma ida ao cinema e um jantar. Como ia trabalhar no sábado, consegui deixar tudo pronto e realmente fazer uma surpresa para ele. Consegui reunir alguns amigos, seus primos mais chegados e foi uma noite bem alegre e animada. Recebi o primeiro pedaço de bolo e nem imaginava que seria o primeiro pedaço de tantos outros que receberia. Fiquei emocionado. Mais ainda quando fomos dormir e ele me falou do quanto havia gostado da surpresa.

Em 1993 seu aniversário caiu num domingo e estávamos morando no apartamento de Jacarepaguá. Dei um cd do melhor do Eurythimics. E logo depois do café da manhã fomos para a casa do Ronald e de lá seguimos para Paraty. Só nos três. Foi uma loucura ter ido e voltado no mesmo dia, bem cansativo, mas o importante é que ele estava feliz. Almoçamos por lá, brindamos seu aniversário e fomos comprar artesanato antes de voltar para o Rio.

terça-feira, abril 13, 2010

COMEMORAR É LEMBRAR JUNTOS


No próximo domingo Eduardo faria 47 anos e ainda não sei como será esse dia. Talvez seja a data mais dolorosa desse luto. Não quero ficar triste, mas acho que vai ser inevitável, pois a semana começou e já me sinto angustiado. Nesses 19 anos nunca deixamos de comemorar seu aniversário. E no início comemorar era o mais fácil, difícil mesmo era resolver o que comprar de presente. Claro que com o passar do tempo fui percebendo que era muito simples presenteá-lo porque Edu gostava de tudo. Mas no começo eu não tinha noção dos seus gostos e queria sempre comprar a blusa mais cara, o relógio mais caro, cordão de ouro, sapatos, enfim, objetos de marca. Logo percebi que não precisava fazer isso. Comprar presentes para ele não era mais um bicho de sete cabeças, tanto que nem precisava de datas para isso, bastava passar por uma loja e ver algo que ele gostaria que comprava. Havia vezes que caia na besteira de perguntar o que ele queria e recebia de resposta, “muitos beijos”. Hoje fico rindo da saudade de ouvi-lo dizer isso, mas eu ficava com raiva quando não me ajudava. Trocávamos tantos presentes sem precisar de datas que chegamos num ponto que não sabíamos mais o que dar um ao outro. Na dúvida restava comprar calças, blusas ou sapatos brancos, já que para um médico isso nunca é demais.

Mesmo sendo tímido Edu gostava de comemorar seu aniversário e comemoramos em festas surpresa, jantando a sois ou com amigos, viajando, ou em grandes festas. Mas nunca passamos separados. Mesmo quando a data caia em dia de semana ele dava um jeito de nos encontrarmos para jantar e no final de semana comemorávamos com os amigos. Nessa semana eu já teria anotado na minha agenda a data que compraria o presente e já teria todo o esquema pronto para a sua festa. Como vai cair num domingo, com certeza faríamos um almoço.

Deixava o presente escondido e tentava acordar mais cedo que ele para presenteá-lo antes de levantar da cama. Momentos que não vou esquecer nunca. Se fosse roupa ele experimentava na hora, na verdade experimentava tudo, e eu olhando fixo, inseguro, me certificando se havia gostado. Agradecia com abraços e beijos. Não me lembro de nenhum presente que tenha dado que não tenha gostado. Acho que me beijaria agradecido por qualquer presente que desse porque era tão carinhoso que só por ter lembrado a data já seria motivo de felicidade.

Essa data nunca passou em branco desde que nos conhecemos e nunca deixei de presenteá-lo. Gostava de fazê-lo feliz e era um agradecimento por existir, por tê-lo conhecido e por me fazer feliz também. Por isso não posso deixar esse dia passar em branco, quero continuar agradecendo os momentos felizes e o privilégio de ter convivido com uma pessoa tão especial. Já que comemorar é lembrar juntos, preciso dos amigos por perto para juntos lembrarmos os momentos alegres e divertidos.

13 de Abril o Dia do Beijo

É o ato de tocar os seus lábios nos lábios de outra pessoa. Antigamente o beijo era utilizado de várias formas e com infinitos significados. Na Idade Média o beijo na boca representava uma espécie de contrato entre o senhor feudal e o vassalo (Era tipo “dou minha palavra”). Foi apenas no século XVII que os homens acabaram com o hábito de beijar uma pessoa do mesmo sexo. O beijo está presente em todas as religiões.

A vida que você sonha e a vida como ela é


Sinto-me assim, sem minha vida, às vezes assim esperando não sei o que, no vão de que fala esse texto da Marta Medeiros na revista o Globo de domingo do dia 04 de abril e que me fez pensar nessa minha vida. Cito alguns trechos: “Quem já viajou para outros países, especialmente os de idioma inglês, e andou de metrô, já se deparou com o aviso que há em cada estação subterrânea: “Mind The gap” que significa “cuidado com o vão”“. Não caia. Não dê um passo em falso. Fique atrás da linha amarela. Não avance. Não arrisque cair nos trilhos.

Estava eu, numa noite de sábado, assistindo em casa ao filme, “Notas de um escândalo”, quando a personagem da insatisfeita saiu-se com essa frase: “Temos que ter cuidado com o vão. Que é a distância entre a vida que você sonha e a vida como ela é.”.

Mind the gap, pois a queda é dolorosa. Mantenha-se com os pés firmes na vida que você tem. Claro que a vida sonhada é determinante para a busca da felicidade, claro que é essa vida “do lado de lá” que nos mantém despertos, claro que o sonho é mais inspirador do que a realidade, porém, cuidado com o vão. É onde a gente se machuca.

O túnel de uma estação de trem de metrô costuma ser recheado de cartazes publicitários. Fotos de ilhas caribenhas para vender cartão de crédito, fotos de mulheres sublimes para vender cosméticos, fotos de casais jovens e apaixonados para vender roupas. Um mundo lindo e perfeito, sem tédio, sem dívidas, sem solidão. Ali, do outro lado do vão.

Se você está viajando a turismo, se está em outra cidade ou em outro país, de certa forma já está do lado de lá do vão, está vivendo um instante de deslumbramento, em que se encontra longe de casa, longe do trabalho, com algum dinheiro pra gastar, com tempo livre, tirando umas férias da rotina e de você mesmo: não seria essa a descrição perfeita de “a vida que se sonha’”?

Férias é sempre um passeio por essa outra vida, a idealizada.

Mas pense bem: imagine uma vida eterna de prazeres, sem hora para dormir nem para acordar, com um mundo bem resolvido, o céu sempre azul, um amor tranquilo, champanhe e caviar dia e noite. Uma semana, um mês, dez anos sem motivos pra chorar, sem um compromisso a cumprir, sem um desafio.

Fazendo esta transferência, consigo me ver estampada nas paredes de uma estação, eu e minha vida de comercial de cartão de crédito, olhando aquela outra mulher na plataforma oposta, em pé, esperando o trem para levá-la a uma reunião de trabalho, a um encontro que pode frustrá-la ou surpreendê-la, a um bairro em que pode estar chovendo, a um acontecimento que deixará seu coração palpitando, e penso que talvez eu continuasse angustiada com a imensa distância que há entre a vida que a gente sonha e a vida como ela é.

Estamos sempre de olho na outra margem, na plataforma de lá. “E o vão nunca some.”

domingo, abril 11, 2010

Saudades

Mais um final de semana e eu sem saber o que fazer. Não sei ficar sozinho. Bate uma tristeza, uma saudade que me aperta o peito, chega a doer. E ai me dá vontade de chorar. Tenho saudades dos seus carinhos, saudades do telefone tocar e ouvir sua voz, saudades de dizer que vai se atrasar,  saudades de me buscar no trabalho, saudades de fazer compras com você, saudades de comer sua comida, saudades de beber vinho na sua taça, saudades de fazer pizza para você, saudades de ver tv com luz apagada no sofá, saudades de provar do seu chá  antes de dormir, saudades de ficar debaixo do edredom e sentir seu corpo, saudades do seu cheiro, saudades de reclamar do ar condicionado gelado e você dizendo que seria uma muralha me protegendo, saudades de dormir agarrado, saudades de dormir até tarde e você reclamar, saudades das nossas conversas no café da manhã, saudades de te ajudar a limpar a casa, saudades do seu sorriso, saudades de pedir sua opinião para todos os assuntos, saudades de pedir sua ajuda, saudades de quando me ajudava em tudo que pedia, saudades de te encher de beijos, saudades de ouvir suas histórias depois de um dia de trabalho, saudades de me pedir para ajuda-lo na clínica, saudades de passear de carro com você, saudades de colocar minha mão na sua perna enquanto dirige, saudades de comprar yakisoba às quartas feiras, saudades de jantar fora com você, saudades dos almoços de domingo em Guaratiba, saudades de comer cachorro quente na rua, saudades de ir ao cinema, saudades dos encontros com nossos amigos no vermelhinho da cinelândia, saudades de rir com você, saudades de passar sundown nas suas costas, saudades de ver você fazendo exercícios na praia, saudades do seu pedido para eu dormir “meia-horinha” depois do almoço, saudades dos seus cansaços, saudades de ir ao shopping, saudades de ouvir você reclamar do calor, saudades de comprar presentes para você, saudades das surpresas que me fazia, saudades de ver sua satisfação ao fazer cirurgias bem sucedidas, saudades de ver sua tristeza quando precisava fazer uma eutanásia, saudades do amigo prestativo que você era para todos, saudades de te elogiar, saudades do capricho que preparava a mesa para nossas festas, saudades dos seus ciúmes, saudades de te ver dormindo, saudades da força que me dava quanto me sentia inseguro, saudades de me sentir protegido por você, saudades de te proteger, saudades de reclamar que se atrasou, saudades de te perguntar onde está, saudades de ficar na varanda olhando a rua, saudades de dividir com você o que iriamos fazer no final de semana, saudades de te beijar e de dizer o quanto sou feliz ao seu lado e de ouvir você dizer que é feliz ao meu. Sinto a sua falta. Muitas saudades, saudades, saudades, saudades, saudades, saudades, saudades...

sexta-feira, abril 09, 2010

Preparando para férias

Mês de abril era o mês que antecedia as nossas férias e começávamos a pensar para onde iriamos. Sempre tínhamos duas opções em mente, nada convencional, tentávamos descobrir lugares onde ainda não tinha grande concentração de turistas, cidades pacatas e tranquilas. Nossas viagens sempre foram voltadas para o ecoturismo. E quando não tínhamos dinheiro para concretizar a viagem dos nossos sonhos, fazíamos a segunda opção. Foi o que aconteceu no ano passado, queríamos ter ido a Machu Picchu, mas com a crise mundial, o preço elevou e deixamos para o ano seguinte e como plano B, fomos conhecer o Ceará, primeiro fizemos todo o sertão, depois conhecemos a serra e por fim a praia. Uma viagem maravilhosa.

Edu era quem resolvia se íamos tirar no começo de maio ou mais para o final. Ele precisava deixar tudo programado na Clínica para que ela funcionasse como se ele estivesse lá. Ele trabalhava demais e se para qualquer ser humano tirar férias é vital, para ele ficou sendo imprescindível. Esses dias fora da rotina ele se renovava, se recarregava, descansava e só não se desligava completamente porque ligava pelo menos uma ou duas vezes na semana para saber como estavam as coisas na Clínica.

A mim cabia toda a parte prática das viagens. Depois de escolhido o local, entrava em contato com a operadora e tratava tudo. Depois que conheci a Mônica, e sabendo que ela trabalhava numa agência de turismo, tudo ficou mais fácil. Virou uma grande amiga e se virava para concretizar os nossos sonhos. Às vezes escolhíamos lugares complicados e demorava fazer os acertos necessários, como foi a que fizemos para o Estado de Rondônia. Mas outras eram tranquilas, como foi à viagem para Maceió. Fomos aonde quisemos ir, dos lugares mais distantes aos mais pertos. Da região nordeste só não conhecemos o Piauí, mas não por que não gostamos do Estado, foi nosso plano B em várias viagens. Ele queria muito ter conhecido as pinturas rupestres na Serra da Capivara. Além do Piauí faltou conhecer o Amazonas, o Acre e Roraima. No Sul faltou Santa Catarina e Paraná. Tínhamos planos de poder tirar férias duas vezes no ano, uma mais longa, a de maio e outra de apenas uma semana para que pudéssemos ver algumas festas pelo Brasil.

Nesse momento eu já teria trocado vários e-mails com a Mônica para nos passar a cotação das viagens, acho que seria Machu Picchu este ano ou então o Amazonas. Machu Picchu porque achávamos que se não fossemos agora não teríamos mais idade para fazer a subida que gostaríamos. Ríamos dizendo que já estávamos ficando velhos para essa caminhada. Seria mais um sonho realizado para juntar a tantos outros que nos proporcionamos. Éramos duas crianças quando viajávamos, não tínhamos hora para nada, dormíamos e acordávamos a hora que queríamos. Era sempre uma lua de mel, mesmo quando não viajávamos sozinhos.

Construímos histórias, trouxemos não só objetos para casa, mas lembranças, muitas lembranças. Momentos inesquecíveis como a louca aventura de comprar uma baiana de uns 30 cm de altura, de barro no meio do sertão de Aracaju, em Xingó. Edu se apaixonou pela baiana e comprou. Estávamos de ônibus e era uma viagem longa, tivemos que nos revezar, cada hora um vinha segurando no colo à baiana. A maior parte do tempo foi ele quem carregou claro, o autor da roubada foi ele, mas com pena, também passou pelo meu colo, pelo da Teresa e da Cássia. E com todo cuidado porque o ônibus sacolejava tanto que ele tinha medo de quebrar. E por fim, quando chegamos ao Rio, no primeiro final de semana que fomos ao Shopping vimos aquele tipo de baiana começando a ser vendido. Rimos muito olhando na vitrine da loja um festival de baianas de barro depois daquele esforço todo para trazer aquela lá do sertão de Sergipe.


quarta-feira, abril 07, 2010

Dia Mundial do Combate ao Câncer.

Era um sábado, 24 de outubro. Desde o primeiro exame que fizemos depois que sentiu uma forte dor no estomago que nossa vida mudou completamente embora não deixássemos transparecer nada para ninguém. Éramos uma família e enquanto estava tudo no inicio, ficaria somente entre nós dois, não queríamos preocupar ninguém. Sentados em frente ao laboratório no Downtown, nos entreolhamos quando lemos o laudo. Na mesma hora ligamos para nossa médica e pediu que fossemos na segunda pela manhã sem precisar marcar. Pela resposta dela vimos que era sério. Ficamos um tempo ali sentado naquele banco para digerir melhor tudo aquilo. O Mundo pareceu desabar sobre nossas cabeças. Lembro que íamos almoçar e depois ir ao cinema. Perguntei se queria ir para casa e firme me respondeu que não, íamos fazer tudo que tínhamos planejado. Pela sua resposta percebi que assim deveria ser, continuar a fazer tudo como se nada estivesse acontecendo de diferente. Todas aquelas palavras de otimismo que dissemos para as pessoas que passam por situações ruins teríamos agora que acreditar e aplicar nessa vida desconhecida que acabávamos de ser apresentados. Mas nesse primeiro momento não dá, estávamos bastante preocupados, e esse foi o assunto de todo o final de semana e de todos os dias que se seguiram. Não o deixava calado porque achava que se ficasse ficaria pensado naquele laudo e precisávamos encarar o fato com seriedade para saber que passos seguir. Nunca pronunciamos a palavra grave, sempre dizíamos que era sério. E os passos a serem dados era ir seguindo todos os procedimentos que os médicos solicitavam. Uma interminável caminhada em consultórios e laboratórios. Não sei como outras pessoas reagem quando uma pessoa querida descobre que tem um câncer, mas nós dois nos esforçamos para levar uma vida normal, pelo menos no início, quando dava para ser assim. Com o passar dos dias você vai buscando forças para seguir em frente. Você vai se adaptando a essa nova realidade. Sei que cada um vai fazer o seu melhor e foi isso que nós fizemos. O nosso melhor. Procuramos médicos bons e de confiança, indicações de amigos para clínicas e laboratórios sérios. Íamos levar isso junto até o fim. O segundo passo é se afastar de pessoas negativas. Elas não ajudam em nada, muito pelo contrário, adoram contar fatos onde o final nunca é feliz. Percebemos isso quando as poucas pessoas que sabiam perguntavam se havíamos descoberto no início. Para esses experts se assim fosse poderia ser tratado e curado. Isso é uma crueldade com uma pessoa que tem uma doença. Não sei o que seria o início, já que quando sentiu a dor forte corremos logo para um médico. Li muito quando começamos a conviver com a presença do câncer tão perto. Também não sei se é bom ou ruim isso. Acabamos tendo muitas informações, estatísticas, fatos, exemplos e a cabeça absorve tudo isso, embaralha e você acaba tirando algumas conclusões completamente erradas. E a nossa cabeça nesse momento faz o trabalho sujo de tentar nos alimentar de pensamentos ruins. Você fica se perguntando por quê? Como? Essas perguntas ficam martelando na cabeça a todo instante e isso também não ajuda em nada.


Entendo como “descobrir no inicio” quando você faz um exame regular e que acabam detectando uma alteração. Li que isso pode acontecer nos casos como a mamografia, o toque retal e a colonoscopia. Os outros casos realmente devem ser difíceis de descobrir. Início é quando você procura um médico faz um exame e é diagnosticada a doença. Não importa se já está com o problema há um ano ou a dois dias. O início é quando você parte para lutar por um tratamento. E foi isso que nós fizemos.

Outro fato que me chamou atenção nas coisas que li foi quanto aos hábitos da vida moderna como sedentarismo, fumo, má alimentação podendo ser um dos principais causadores de diversos tipos de câncer. Além de termos descoberto no início, esse perfil não se encaixa com o Eduardo. Quem o conheceu sabe da vida saudável que levava e ensinava para todos como levar essa vida. Tem também o fator genético e pelo que sei não há casos na família dele. Mais uma vez o por que e o como passeiam pela nossa cabeça.

Nunca fui pessimista e um dos fatores que contribuíram para levarmos uma vida menos sofrida nesse período foi procurar saber de casos bem sucedidos, aqueles de vitória e de finais felizes. Li e fiquei sabendo de casos de tumores bem graves onde as pessoas conseguem fazer tratamento, continuarem vivos e bem. Às vezes tratamentos longos e sofridos é verdade, mas pelo menos com uma chance de lutar e precisamos nos agarrar a essas chances, por menores que sejam. Nunca deixei que chegassem até nós com notícias ruins sobre o câncer. Tínhamos Força, Coragem, Fé e muita Esperança. Não queria que ele ficasse deprimido ou triste. Em alguns momentos eu ficava, mas não na presença dele. Chorava sozinho para desabafar. Chegou a minhas mãos um livro chamado ANTI-CÂNCER, de David Servan-Schreiber, um médico psiquiatra que conta sua experiência com um tumor no cérebro e desenvolveu umas técnicas para viver melhor e a se prevenir. Foi meu presente de Natal. Algumas pessoas devem ter achado mórbido ter dado um livro que na capa tem a palavra Câncer. Para algumas pessoas o câncer não se pronuncia, mas não para nós dois. Encarávamos como uma doença séria e não como uma doença que matava.

A rotina da vida vai se alterando com o avanço da doença, já não dá mais para levar a vida normalmente, ainda mais quando amigos e familiares ficam sabendo. Já não dava mais para fazer tudo que fazíamos juntos, agora todos estão envolvidos e querendo ajudar. E isso é muito bom, dividir as tarefas facilita para todo mundo. Torna a situação mais leve, renova nossas forças e nos faz acreditar que tudo vai dar certo. O único momento que continuava a ser só nosso era na hora de dormir. Nessas horas podíamos conversar sobre nossa vida e o que teríamos pela frente. Nunca assuntos tristes ou pessimistas, pelo contrário, continuávamos a fazer planos e a pensar nos projetos que tínhamos em mente. Nossa mente estava além da doença. Fazia bem para ele e ainda mais para mim. Estava chegando o Natal e eu queria comprar um presente para ele que ficou chateado por não poder me dar nada em troca. Nesse momento só nosso pude dizer que o presente maior que poderia me dar era não desistir de lutar, que fizesse isso por mim e pelo nosso amor. E me jurou que não iria desistir. E não desistiu.

Aquele livro seria não só uma distração, mas também um aprendizado, pois quanto mais se fala na doença menos medo ela causa. Tanto que seguia algumas dicas do livro e me contava animado das propriedades de cada alimento. Tenho certeza que as pessoas que sofrem com o câncer ou qualquer outra doença mais séria precisam estar cercadas de pessoas queridas, de ambiente feliz, de comer bem, mas também precisam se alimentar de otimismo. Mas para passar otimismo tem que ser otimista e isso não é tarefa fácil. Precisamos contar com as pessoas certas. Mesmo nos momentos mais difíceis como depois da cirurgia onde me desesperei, consegui encontrar de novo minhas forças e meu equilíbrio. E ao voltar ao quarto, vê-lo acordar da anestesia e sorrir para mim meio zonzo me deu a certeza que eu não poderia fraquejar, eu precisava estar forte de novo para estar ao seu lado e continuar lutando como havíamos combinado. Não podia ser diferente. Precisávamos pensar no melhor, senão você não consegue dar os passos seguintes. E eram muitos ainda a serem dados. Queria muito que ele começasse logo o tratamento. Eu sonhava com esse momento. Ouvi uma frase numa palestra sobre a quimioterapia que é a pura realidade: “Nunca diga coitado vai fazer quimioterapia. Digam que bom que vai fazer Quimioterapia”. Como eu gostaria de ter chegado com ele até esse ponto. Sou tão ansioso que minha cabeça já estava nessa etapa, mas para chegar nela ainda precisávamos saber que tipo de linfoma tinha.

E isso foi demorado. O resultado da biopsia foi outro fator que talvez pudesse ter revertido toda essa situação. Corríamos contra o tempo. Passamos por três patologistas, dois deles nem conseguiram definir o tipo de linfoma. E se não tivéssemos corrido tanto talvez ele tivesse morrido sem saber qual tipo tinha. E o curioso é que neste mesmo período a apresentadora Hebe Camargo é diagnosticada com um tipo de câncer, faz a biópsia e no dia seguinte começa o tratamento. Rápido assim, todos acompanharam pela TV. Nunca entendi isso. Mas o tempo das respostas passou. Mas quem sabe não encontro alguma nesse dia, no Dia Mundial do Combate ao Câncer.

Só sei que nós lutamos, sei que ele lutou, nunca desistiu, foi um guerreiro, foi forte até onde pode, mas infelizmente fomos vencidos. Prefiro pensar assim, que tinha que ser desse jeito por que o "se" fosse de outro jeito não existe, o "se" não existe.

terça-feira, abril 06, 2010

Chove Chuva.


Com o temporal que cai na cidade lembrei-me dessa foto. Na nossa última viagem de férias num determinado dia fomos surpreendidos por uma chuva que até mesmo eu que gosto de água não consegui ficar, mas você ficou na água quente da lagoa e se divertia com meus pedidos para sair da chuva.











"Experimente tomar banho de chuva
E conhecer a energia do céu
A energia dessa água sagrada
Que nos abençoa da cabeça aos pés"
 
Composição: Luís Carlinhos

segunda-feira, abril 05, 2010

Gosto tanto de você.

Não sei porque você se foi
(Não sei mesmo, mas deixa pra lá, Deus quis assim)
Quantas saudades eu senti
(Inevitável)
E de tristezas vou viver
(Não sei até quando)
E aquele adeus não pude dar...
(Me despedi com um beijo na sua testa. Ainda sinto sua pele nos meus lábios)

Você marcou na minha vida
(como uma tatuagem na alma)
Viveu, morreu
Na minha história
(Não tenho história sem você. Comecei a viver depois que te conheci)
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
(Preciso lembrar que me dizia que eu era mais forte que você para que possa superar medo e solidão)

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
(Pra sempre)

Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
(Só lembranças boas)
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
(Só no início, agora vejo para lembrar de como fomos felizes)
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...
(Não tem como, para onde eu for meu pensamento vai ser sempre em você)

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
(Por toda a minha vida)

Tim Maia
Composição: Édson Trindade

domingo, abril 04, 2010

Domingo de Páscoa.

Jesus voltou somente para nos ensinar a matar os piores defeitos e ressuscitar nossas maiores virtudes.

Qua a verdadeira Páscoa seja aquela que haja ressureição do sorriso, da alegria de viver e do amor,
A ressureição da amizade, da vontade de ser feliz e da alegria de viver,
A ressureição dos sonhos e das lembranças.

E que essas ações sejam maiores que os ovinhos de chocolates e até mesmo dos coelhinhos.

Durante todo o dia são celebradas missas que proclamam a vitória de Cristo sobre a morte. As famílias se reúnem para festejar o renascimento do filho amado de Deus, trocar presentes e comer tudo aquilo que não puderam comer nos dias anteriores, acaba-se o tempo de silêncio e o jejum de carne vermelha.
Sempre fizemos isso, sempre tivemos motivos para reunir os amigos e festejar.


A ressureição de Jesus Cristo.

A Páscoa, passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, empenha-nos decididamente na superação dos sinais de morte ainda presentes na cultura e na convivência humana. O anúncio pascal traz a certeza de que a injustiça e o egoísmo, a violência e o ódio não terão a última palavra sobre a existência…

A Páscoa é a celebração cristã da Ressurreição de Jesus. Com a Sua Ressurreição celebramos também a nossa própria libertação das cadeias que nos amarram demasiado às coisas deste mundo. O mundo atual seduz-nos com uma variedade imensa de distrações que nos fazem esquecer por vezes o essencial da vida: VIVER!

A Páscoa não é simplesmente mais uma festa que todos celebramos no ano, mas é a verdadeira festa dos cristãos! Jesus veio ao mundo por amor. Pregou por amor,... viveu por amor,... sofreu por amor,... morreu por amor,... Ressuscitou por amor do Pai!

Muitos são os que querem recusar viver a vida, seja por medo, ou seja por “falta de tempo”. O Filho de Deus não se recusou viver a nossa humanidade: não teve medo e disponibilizou-se a tempo inteiro para nós. Qual é o tempo que dedicamos a fazer com que a nossa vida (boca, mãos, pés e todo o corpo) seja sua? Se Ele não teve medo de viver e de morrer, nós também não o devemos ter!

Na Ressurreição de Jesus encontra-se a alegria da vida terrena, mas também da vida eterna. Não passemos em “branco” mais uma Páscoa. Amemos Jesus como Ele amou “ os que estavam no mundo até o fim”. Amemos o próximo como a nós mesmos. Saudemos quem nos vira a cara. Aprendamos a perdoar como Ele perdou e pediu o perdão do cimo da árvore da vida: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”.

Somos cristãos verdadeiros e conscientes da nossa fé. Por isso sabemos bem o que fazemos! Façamos da nossa vida um maior e mais fiel sinal de Deus no mundo!

Pe Ângelo Martins


“Quando o sábado passou, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus. E bem cedo no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao túmulo. ... Mas, quando olharam viram que a pedra havia sido retirada. “

“Maria (Madalena) tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés. Então os anjos perguntaram: “mulher, porque você está chorando?” Ela respondeu: “porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram.”

“Depois de dizer isto, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus. E Jesus perguntou: Mulher, porque você está chorando? Quem é que você está procurando?” Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: “Se foi o Senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo.” Então Jesus disse: “Maria”. Ela virou e exclamou em hebraico: “Rabuni!” (que quer dizer: Mestre). E Jesus disse: “Não me segure, porque ainda não voltei para o pai...” 

Até hoje os cristãos dizem: Jesus vive. E podemos dizer mais: o espírito vive, nossa vida espiritual é uma realidade.

Jesus Cristo, que passou da morte para a vida, fortifique nossa esperança. O Deus da vida abençoe a todos.

Fontes:
http://regismesquita.sites.uol.com.br/dezessete.htm
(www.cnbb.org.br)