terça-feira, maio 04, 2010

Último aniversário com Edu - 04/05/2009

Hoje é meu aniversário e o que mais quero é ficar quieto no meu canto. Cheguei a pensar em comemorar, mas desisti. Comemorar o que? Tenho mesmo o que comemorar? Palavras de motivações não faltam como a que a vida continua, ele gostaria que eu ficasse bem, blá blá blá. Sei disso tudo. Mas não é tão fácil assim. Não vou colocar uma máscara de feliz e achar que me sinto assim. Não sou de esconder o que estou sentindo. Todos sabem que gosto de comemorar meu aniversário, mas infelizmente o desse ano não dá. Tá difícil. Ele e meus amigos que me desculpem, mas não tenho condições.

Desde criança gosto de aniversários, não só de comemorar o meu, mas de ir a festas em geral. Gosto de ver a alegria de todos, da música que envolve o ambiente, a decoração que dá o clima, da mesa com os doces, o bolo e os presentes. Parece que nada de ruim pode acontecer naquele momento, estão todos voltados com o pensamento somente para alegria e a felicidade. E não há dia melhor para estar junto das pessoas que amamos. É um momento onde todas essas pessoas que te amam estão pensando somente em você, no aniversariante. São abraços de felicitação, palavras carinhosas e presentes de todos os tipos. Uma alegria só.

Só não comemorei meu aniversário no ano seguinte da morte do meu irmão. Também não tínhamos oque comemorar naquele ano. Estávamos ainda bastante tristes, mas mesmo assim alguns amigos e parentes foram chegando para uma visita, um abraço. Lembro-me de ter ficado bastante feliz quando vi o Fiat do Edu parado no portão de casa quando cheguei do trabalho. Entrou num momento tão triste da minha vida que não me deixou só um instante sequer, mesmo sabendo que não haveria nada aqui, apareceu só para me ver. Meu maior presente foram seus gestos, suas atitudes, sua preocupação, seu carinho, seu amor.

Mas no ano seguinte voltei a comemorar. Tinha motivos para isso, minha relação estava se fortalecendo e Edu gostava de me ver feliz. E sempre fui atrás dessa tal felicidade e depois que o conheci aprendi mesmo o que é ser feliz, na verdade, aprendemos, então, só podia mesmo comemorar em cada oportunidade e agradecer por esses momentos.

Desde que o conheci sempre esteve comigo nos meus aniversários. Mesmo quando comemorava dia de semana, ele aparecia depois de um dia cansativo de trabalho na clínica. No começo vinha timidamente, daquele jeito dele, calado, observando onde estava pisando. Estava conhecendo não só a mim, mas toda a minha família e os amigos que passariam a serem seus também, e todos de uma só vez. E para uma pessoa tímida como ele, era uma prova de fogo essa situação. Mas ele se esforçou, passou por essa prova e aos poucos foi se familiarizando e se enturmando. Tanto que venceu essa timidez e com o passar do tempo já tinha até as chaves da casa de meus pais. As chaves ainda devem estar no chaveiro do carro.

Lembrar-se de tudo isso pode parecer motivos suficientes para comemorar, mas não são. Porque me falta vontade, não tenho alegria para organizar nada, preparar nada, pensar em nada. Pensei que o aniversário dele fosse à data mais triste desse luto, mas percebo que é o meu que está sendo difícil. Porque me falta o principal, a alegria que ele me proporcionava, a surpresa que me fazia ao me dar um presente, a satisfação em me ajudar na arrumação das coisas, a disposição para encarar a maratona de comidas que minha mãe preparava a alegria de ficar conversando com os amigos, de passar por ele e cruzar olhares carinhosos, de abraça-lo para tirar uma foto ou de pedir para que ele batesse tantas outras. Nossos corações se aceleravam em maio, não só por ser o mês do meu aniversário, mas porque era o mês das nossas férias, das nossas viagens. Era o momento de parar com tudo e realizar o nosso sonho, de cair na estrada e viver uma nova vida por um tempo. Agora maio deixou de ser um mês de alegria e satisfação.

Não vou negar que estou chateado hoje, não vou ter mais nada disso, pelo menos não como era, não com ele. Esses sonhos juntos foram interrompidos, e estou tendo dificuldades com essas mudanças todas. Meu caminho sempre foi o conhecido, o firme, o seguro. Agora tudo me é estranho, tudo me parece escorregadio, movediço, novo e preciso de um tempo para conhecer e seguir esse novo caminho.

2 comentários:

Emilio disse...

Querido Zé Carlos,
Que DEUS te cubra com suas bençãos neste dia e te de muita força para superar essa saudade, essa ausência, que de tão verdadeira e sentidas que são suas palavras, doem também nos corações dos que gostam de vcs dois, pois quando vemos vc, vemos tb o Eduardo. Com certeza ele está bem próximo de vc, não só hoje, mas todos os dias da sua vida. Abraços Emílio e Vagner.

José Carlos Albernaz disse...

Valeu amigo. Obrigado pelas palavras de carinho.