quinta-feira, julho 08, 2010

Homem Invisível X Mulher Maravilha

Alguns parentes do Eduardo eu só conhecia de nome. Nunca vi fotos desses parentes mais próximos, mas os conhecia principalmente quando saia com ele para comprar presentes em datas comemorativas. Edu adorava dar presentes e me pedia ajuda nessas horas e eu ficava sem saber como, me restava apenas perguntar como era a pessoa. E nessa hora ele me descrevia as características do presenteado e assim passei a conhecê-los um a um. Mas, se tinha um parente que eu nunca precisei dar palpites na aquisição do presente era sua cunhada, ele já sabia que ela tinha adoração por elefantes e saiamos em busca do mais exótico, o mais diferente para sua coleção. Houve vezes que eu mesmo me perguntava se já não tínhamos comprado algum repetido. Com certeza ele sabia que não.

Conheci essa parte da sua família num almoço no apartamento. Nesse dia tentei somente ser útil, deixando todos à vontade e sem constrangimentos. Já havíamos conversado sobre essa reunião em família e Edu queria não só a minha presença, mas dos meus pais. Minha família é você, me dizia. Não gosto de pensar que ele havia planejado aquela reunião já sabendo que iria partir, mas hoje olhando para trás é o que me parece.

Ele ficou muito feliz ao final daquele almoço. Tudo tinha saído como ele planejara, perto das pessoas que mais amava, em paz e harmonia. Conversamos muito sobre esse dia tão feliz e achou graça quando lhe disse que havia achado sua cunhada iluminada. Expliquei-me dizendo que havia gostado muito do jeito dela, expansiva, simpática, vibrante e que não se parecia em nada com o perfil da sua família. Ai ele concordou comigo.

De um dia tão alegre para momentos tão tristes, mas sempre me tratando com atenção, carinho e respeito. Revezamo-nos segurando o oxigênio do Eduardo naquela manhã tão triste. Quando ele se foi, uma pessoa que respeito muito me disse para eu abrir os olhos para que não me transformassem numa pessoa invisível. Ouvi mas não entendi o que aquilo significava. Só fui perceber o que queria dizer, na missa de mês do Eduardo, quando esse ser iluminado veio até mim chateada , por supostas palavras que teria dito a seu respeito. Intriga novelesca era tudo que não precisava na minha vida naquele momento. Já tinha tanta coisa triste para administrar, como me defender numa situação dessas, eu, um completo estranho, um ser invisível. Pois é, da mesma forma que eu não os conhecia, eles também não me conheciam. Minha indignação foi tão grande que não consegui mais ficar dentro da igreja e acompanhar a missa. Não sei qual intenção em tentar me colocarem naquela situação, mas dentre todas as qualidades que havia observado naquele almoço, felizmente havia muitas outras que descobri nessa mesma missa, seu senso de justiça, honestidade, bom caráter, verdadeira, corajosa, compreensiva e a de não se deixar influenciar.

Depois que perdi minha cara metade, eu tive vontade de chorar junto daqueles que estavam sentindo a mesma dor que eu, mas a ligação mais próxima que eu tinha com os parentes do Eduardo não existia mais, ou nunca existiu. As pessoas que me conheciam nunca me procuraram. Felizmente não me tornei invisível porque essa Mara-vilhosa mulher, me resgatou. Posso não fazer parte da família, mas pelo menos ela me trata como o companheiro do Eduardo. O aniversário é seu, mas o presente quem ganhou fui eu, com a sua amizade, seu carinho, sua atenção, sua preocupação e seu respeito. Quero desejar-lhe toda a felicidade do mundo, não só neste dia, mas em todos os dias da sua vida.
Um grande beijo


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