terça-feira, julho 20, 2010

A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas (Francis Bacon)

Eduardo sempre foi meu melhor amigo. O amigo que sempre sonhei em ter, daqueles que podemos contar sempre, em qualquer situação. Ele tem todas as qualidades que admiro num amigo: é bom caráter, sincero, alegre, prestativo, bom ouvinte, bom conselheiro, compreensivo, agradável, companheiro, honesto e leal. No dia de hoje gostaria de homenagear não só a ele, mas a todos os amigos que conquistei até hoje. Todos são muito valiosos para mim.

Vou começar pela Denizinha porque é uma amizade que carrego desde a infância, quando ainda nem sabíamos falar direito. A amizade com o Eurico vem da minha adolescência, por morar perto e por estudarmos juntos no segundo grau. Também é dessa fase minha amizade com os amigos: Walter, Paulo, Nilton, Cosme, Anderson, Ivan, Sérgio, Alexandre, Renan, Kátia, Suiam. Nos quatro anos da faculdade fiz amizades com várias pessoas, mas a única que não ficou pelo caminho foi a Miriam. Ronald, Sueli, Silvana, Vera, Simone, Luci, Stanley, Robson, Rogério, Tia Tomázia, Tio Antonio, Mara, Marcelle, Amanda, Marcela, Carla, Célia, Cacau, Amélia, Nilda, Luciana, Rodney, Glaucia, Carol, Beth, Sheila, Silvinha, Denize e Patrícia, são amigos que conheci através do Eduardo e os guardo com muito carinho. Fizemos muitas viagens e conhecemos muitas pessoas de outros estados como Tereza, Adriana, Salete, Marcelo e tantos outros, que nem à distância nos separou. Janete, Hilda, Helena, Vera, Claudia, Gláucio, Clécia, Cássia, Janaina, Mariângela, André, Júlio, Marcelo, Sandra, Jussara, Ana Paula, Andrezão, Ana Claudia, Luiz Geraldo, Marco Antonio, Cadu, Claudeci, Antonio, Fabiano, Wilson, Márcio, Beth, Dn Alda, Gilda, Clara, Regina, Adolfo, Dayse, Marcio, Cléia, Flavinha, Adélia, Kátia, Dn Ângela, Juarez, Moema, Jô, Guapy, Eliseu, Luciana, Rick, Vera Mello, Fábio, Eveline, Pedro, Tatiana, Tereza, Flávia, André, Camila, Renato, e todos os amigos que conheci dentro do Tribunal e tornaram meus dias incrivelmente felizes. Nedilson, Gustavo, Paulo Monteiro, Robson, Rachel, Joacyr, Inês, Vitor, Mônica, Sérgio, Reinaldo, Adriano, Alexandre, Wagner são aqueles amigos que o samba me apresentou. Tem também aqueles amigos que conquistamos juntos como o Barão Roberto, Adriana, Claudia (amigos da Fazenda Ponte Alta), Isabela, Darren, Lula, Morgana, Ana Claudia, Sandra, Nivaldo, Paulo, Cintia e tantos outros que passaram que com certeza vou cometer uma injustiça esquecendo nesta data.

Aprendi com minha amiga Mônica que não se agradece aos amigos quando eles lhe fazem algo de bom. Amigos são para essas coisas mesmo. Ou como diz o Paulo, “amigos verdadeiros são aqueles que aparecem nas horas difíceis”. Caramba, e que hora mais difícil é essa que venho atravessando. Desculpe-me a Mônica, mas tenho que agradecer por sentir-me amparado por todos desde que perdi o amigo mais presente.

Reunir um grupo de pessoas para um barzinho, jogar conversa fora, beber e dar risadas é fácil. Mas e na hora da tristeza, do choro? Quem terá a mesma disponibilidade? Tem razão o Paulo, é nessas horas que vemos os verdadeiros amigos. Sem vocês não suportaria essa caminhada. Sei que muitos só tomaram conhecimento depois do acontecido, mas nem por isso me abandonaram. Foram ligações carinhosas, e-mails com textos inspiradores e abraços de conforto e força.

Quando começamos a fazer os exames lá no distante mês de outubro de 2009, não pensávamos que fosse uma coisa tão séria. Foram baterias de exames dos mais variados e quando finalmente ouvimos falar dos nódulos no fígado tivemos que passar um final de semana inteiro tentando digerir aquela situação e escolher como gostaríamos de levá-la. Optamos por levar sem alarde. Fizemos um pacto que levaríamos até onde pudéssemos. Não queríamos preocupar mais ninguém. Nos dois éramos nossa família e bastava. Tive vontade várias vezes de ligar e conversar com alguém, desabafar. Mas preferi me fortalecer rezando.

Chegou um momento que não dava mais. Mas não foi premeditado. Estava almoçando tranquilamente com minha querida Eveline quando Edu me ligou avisando que um dos exames anunciava outro nódulo na pélvis que possivelmente estaria alimentando esse do fígado. Seria necessária uma cirurgia rapidamente. Nada me preocupou mais do que ouvir o rapidamente. Perdi o chão naquele instante e foi nesse momento que me abri com a Eveline e pedi segredo. Era a primeira pessoa além de nós dois que sabia o que estávamos passando. Agradeço muito pela sua lealdade. Quantas vezes nossos olhares se cruzavam na sala e ela percebia o que eu estava sentindo e me amparava me dando segurança e tranquilidade que eu precisava para terminar o dia. Foi minha cúmplice e suas palavras de otimismo evitaram meu choro várias vezes.

Como disse, nosso pacto era de não preocupar os familiares, nem os amigos. Tínhamos convicção de que íamos sair daquela situação logo. Estava no ar à novela “Viver a vida” e no final passava uns depoimentos comoventes de superação. Agarrávamos-nos aquelas histórias e pensávamos que em breve também estaríamos dando o nosso depoimento de vitória. Nunca deixei que chegasse até nós histórias com final triste.

Mas o cerco foi se fechando e com ele aumentava o leque de pessoas, a saber. Não poderia ser diferente, chegava a hora da ajuda, do pedir socorro. Foi no caminho de uma consulta com o cirurgião que tive coragem para falar com a irmãzinha Cássia. Dei-lhe um susto naquele momento, mas depois de refeita do impacto, não nos abandonou mais. Sempre trazia palavras de otimismo e confiança. Eram sempre histórias e exemplos positivos. Não só me confortava com ligações intermináveis, mas também ao Eduardo. Devota de São Jorge foi uma guerreira junto da gente.

A mesma guerreira que foi a outra irmãzinha Sheila. Como todos também se assustou e foi ao meu encontro desesperada para que eu confirmasse olhando nos olhos dela a verdade dos fatos. Esteve conosco no dia da entrada no hospital, nos dando força e alegrando com sua presença iluminada e esfuziante. De secretaria do Eduardo quando tinha 18 anos a amiga e irmã, sofria conosco. Os amigos foram falando um para o outro e mesmo preocupados todos queriam fazer alguma coisa por nós dois. Mas fazer o que não é mesmo? O sentimento de impotência é enorme. Mas mesmo assim eles fizeram. E muito. Dividiram conosco o peso da tristeza por várias vezes.

Precisávamos de um oncologista depois do triste resultado da cirurgia, e rápido. A possibilidade de encontrar a querida amiga Moniquinha em plena época de Natal circulando pelo centro da cidade era uma em um milhão. Não foi por acaso que a encontrei e ao narrar para ela o que estava se passando, ligou na mesma hora para seu marido Sérgio, que nos colocou em contato com um oncologista amigo e muito conceituado. Foi através deles que conseguimos uma consulta.

Também não foi por acaso que esse mesmo médico foi quem tratava e trata do amigo Márcio, outro lutador. E foi a ele a quem recorri para nos tirar tantas dúvidas que tínhamos para um provável inicio de tratamento, tamanho era a certeza de cura. Márcio nos auxiliou nessas dúvidas, sempre muito paciente e atencioso.

Preocupada com meu afastamento do trabalho, minha doce Verinha me liga bem no dia que Edu faria a cirurgia. Também ficou chocada, mas aproveitei para desabafar. Como esquecer sua visita em pleno dia de Natal, seu belo cartão e uma planta que trazia toda sua energia para dias melhores. Nunca tive dúvidas sobre seu carinho comigo. Foi a ela quem recorri quando passei por um problema na vista. Como uma mãe zelosa se prontificava a passar pomada nos meus olhos em pleno trabalho, duas vezes ao dia. Não esqueço esses gestos.

Assim como não esqueço nosso último reveillon. Mesmo não sendo uma noite alegre como dos anos anteriores, Sheila, Wagner e Adriano fizeram questão de passar conosco. Meu coração estava tão apertado que pedi para que caminhassem comigo pela praia e foram testemunhas do meu choro compulsivo. Não sabia o que nos esperava no ano que acabara de começar, mas com o abraço deles pude sentir que o mundo poderia continuar desabando, que mesmo assim não estaria sozinho.

Faça isso, faça aquilo. O que mais se lê e ouve são busca por tratamentos alternativos, seitas religiosas, fórmulas mágicas. Não condeno nada disso, mas não fomos atrás. Edu sempre foi uma pessoa centrada, lia muito e seguia o que deveria ser feito. Uma coisa não quis recusar, o pedido afetuoso do grande amigo Zé Reinaldo quando nos perguntou se não gostaríamos que ele desse um passe no Eduardo. Foi um momento só nosso e que nos emocionou profundamente. Era a segunda vez que via Edu chorar nessa fase. Zé sempre será uma pessoa iluminada pra mim, para nós dois.

Assim como iluminado e incansável foi o Paulo Monteiro e o Robson, nos cedendo vários medicamentos que Edu precisava e que fez questão de levar para derramar toda sua energia positiva naquela noite sem luz.

Os dias iam passando, o carnaval se aproximando e minha querida mãe envolta em 100 fantasias para terminar. Revezava-se entre rezas e costuras, numa força que não me canso de admirar. Até hoje me pergunto como conseguimos terminar esse trabalho. Foi fundamental nesse momento a presença divertida e alegre da minha prima Márcia e da amiga Solange. As duas além de trabalharem sem parar, ainda mandavam mensagens otimistas. Palavras que levava para o Eduardo porque queriam vê-lo de volta aquela bagunça onde ele fazia falta. As duas praticamente comandaram sozinho esse carnaval, me deixando tranquilo para dedicar exclusivamente ao meu querido Eduardo.

Entramos na internação já com a maioria dos amigos sabendo e evidentemente assustada. Não posso esquecer as ligações que recebíamos dos sms e das visitas. A que mais gostou logicamente foi da nossa irmã e parceira de tantas divertidas viagens, Cássia. Sei que não foi fácil para ela esse dia, mas para nós foi de muito conforto. Ficamos tantas vezes os três juntos no mesmo quarto nas viagens que era impossível imaginar onde estavámos agora. Seu último presente foi dar seu colírio para o querido amigo que necessitava naquele momento. Cássia é muito especial para nós. Tem as palavras certas para o momento certo.

Além das orações foram as palavras dos amigos que me mantinham em pé. Por mais cansado que estivesse nunca acreditei num desfecho triste. Mesmo no oxigênio, dei-lhe dois beijos na testa, me despedi dizendo que voltaria mais tarde. Sai com passos largos pelos corredores frios daquela clinica. Aos poucos fui acelerando e comecei a correr sem saber para onde. Nesse momento as lágrimas já corriam como eu, sem parar. Quis falar primeiro com a minha mãe para dizer-lhe que estávamos perdendo o nosso Eduardo. Não queria acreditar no que estava dizendo, mas disse. Queria sumir, queria acordar, queria morrer. Encontrei forças e o telefone dos amigos Nivaldo e Paulo e foi graças ao Paulo que me resgatou de onde eu estava. Não tem como não agradecer esse amigo que pode largar tudo que estava fazendo naquele momento para ir me buscar. Levou-me para sua casa e lá fiquei protegido e amparado. Sua casa virou a minha casa, a casa dos amigos. Aos poucos foram chegando um a um para chorarmos juntos e nos confortar mutuamente. Passei a noite ali, tranquilo como uma criança, depois de uma poção mágica do Paulo e das histórias do Nivaldo me fazendo adormecer.

Revoltei-me com Deus. Rezávamos toda noite e me senti abandonado. Sei que foi errado, mas fui chamado à razão pela querida Adriana quando me esclareceu que nossas orações haviam chegado a Deus, caso contrário poderia estar até hoje num sofrimento ainda maior naquela clínica. Fiquei cego no momento que não deveria.

O dia seguinte foi ainda mais difícil. Continuava não acreditando no que havia acontecido. Eu que tanto acreditava que pudéssemos sair daquela situação, que tinha tanta fé que sairíamos vitoriosos, chorei ainda mais por perceber que a realidade era outra. Felizmente os amigos estavam ali comigo, me amparando, me confortando. Muitos deixaram de lado seus afazeres para me abraçarem e essa sensação é boa demais, muito melhor do que palavras. Não convidei nenhum deles para aquela reunião, não havia bebidas, nem risadas, mas era uma prova concreta de que amigos realmente são para os momentos difíceis. Eu não gostaria de ter passado por essa prova para comprovar que tenho grandes amigos porque sempre soube. Graças a Deus.

Parabéns pelo dia de hoje meus amigos queridos!

4 comentários:

Unknown disse...

Olá meu caro amigo....
Feliz Dia para voce tambem, sua palavras me emocionaram muito, devemos sempre agradecer a Deus por podermos ter amigos e nas horas dificeis podemos ampara-los, pois estamos nesta vida terrena,e para auxiliarmos uns aos outros nos momentos de dor, pois na alegria e muito fácil, pois tudo é felicidade.
Agradeço por suas palavras meu amigo José Carlos, e que EDUARDO possa nos enviar muita luz para continuarmos todos amigos sempre unidos e amparando uns aos outros.
Beijos.
Paulo

Unknown disse...

Zé, nossa quanto amor nesse blog! Ele transborda! É emocionante ver o quanto um ser humano é capaz de amar a outro como vcs. se amaram.
Certamente o Eduardo está feliz com uma prova de amor como estas.E quanto se reencontrarem em outra vida, serão tão felizes quanto foram nessa.
Quanto a minha amizade, sei que nem de longe sou a amiga que vc. merecia, mas sou a que me é possível ser. Um forte abraço amigo!

Glaucia disse...

Que maravilha essa longa lista de amigos! Que privilegio poder estar entre eles! Só posso concluir o obvio: que voces dois sao pessoas mais do que especiais. Mas isso todos os seus amigos já sabem! (eu inclusive)
Um brinde ao nosso amigo Eduardo!
Beijos

festa animada disse...

Amigo meu!!!!!!!!!!
Nem sei o que dizer. Fiquei sabendo agora que fui a primeira pessoa a ficar sabendo do que realmente estava acontecendo com o Edu e fico muito mas muito agradecida a vc por confiar em mim a ponto de se abrir comigo. Obrigada de coração. Sempre soube que a nossa amizade iria ser eterna, sempre. Pelo jeito fácil que nos comunicávamos, pela voz do coração. Sei que somente o tempo irá te fortalecer, mas fico feliz com cada vitória sua e pela coragem que vc está tendo em recomeçar. Acreditamos que o Edu está vendo isso e que te dá força. Eu sei disso! Obrigada por compartilhar comigo todas as suas alegrias e suas tristezas.Sempre estarei ao seu lado para rir, chorar, falar ou ficar em silêncio. O importante é estarmos juntos. Sempre.
Nossa, estou tão emocionada com as suas palavras que acabei escrevendo de mais!!!!!
Te amo muito meu amigo. Muito mesmo!!!!!
Bjs
Eve