terça-feira, julho 27, 2010

dia 26 de julho, mais conhecido como o dia da vovó

A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações — todos dizem isto embora eu pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredito. Quando penso na velhice, penso nos avós, essas pessoas ligadas a nós através de laços consangüíneos, pois são os pais dos nossos pais. Num período grande da minha vida tive o privilégio de conviver com meus avôs maternos (Vó Zilah e Vô Flávio) e paternos (Vó Gilda e Vô Joaquim) e de quebra minha bisavó Isabel.

As avós, assim como todos os idosos merecem consideração e respeito, pois já viveram muito, possuem grande experiência de vida e podem transmitir muitos ensinamentos a todos de sua família. Por isso, ganharam uma data especial, para que fosse homenageado, o dia 26 de julho, que é mais conhecido como o dia da vovó.

Nunca entendi porque chamavam minha bisavó de Saneca, já que tinha um nome tão bonito: Isabel. Era uma pessoa muito doce, mas era séria. Já era bem velhinha e não Lembro muitas coisas sobre ela além de gostar muito de ir a sua casa porque era bem espaçosa e tinha um quintal grande em toda a volta.

Se há uma imagem que lembra muito as avós é os almoços de domingo. E nesse quesito a Vó Gilda era imbatível, pois adorava reunir toda a família na sua casa para esses almoços. Muitas vezes parecia até obrigação de todos, mas o fato é que para nós crianças era muito divertido estar ali brincando com  os primos. E a mesa era sempre um exagero de tantas coisas gostosas. Vó Gilda cozinhava muito bem e gostava de inventar muitos pratos. Minha mãe até hoje fala que aprendeu a cozinhar com ela.

A Vó Gilda era meio moderna para seu tempo, meio mandona, a chefe da casa. Era separada do meu avô, trabalhava fora como enfermeira e era aquela pessoa sempre disposta a ajudar a todos a sua volta. Lembro bem de muitos vizinhos baterem na sua porta a procura de remédios, para aplicar injeções e mesmo para ajudar em alguns partos. E sobre esse assunto gostava de lembrar que esteve presente nos partos dos primeiros netos, o meu inclusive. Não se cansava em lembrar de como foi difícil o meu nascimento. Divertia-se contando de como intimidava o médico para ter cuidado nas cirurgias das suas noras.

Uma noite passada em sua casa era uma deliciosa fuga à rotina, com vários encantos de uma aventura, principalmente quando morou num apartamento bem grande em Cascadura. Lá não havia linha divisória entre o proibido e o permitido. Ela não era a Vó que educava, era aquela que queria ver todos perto dela. Nunca mais tomei um mingau tão gostoso quanto o que ela fazia no café da manhã.

A postura de “mãe mais madura”, que com sua experiência, consegue levar com facilidade e naturalidade a relação com as crianças, pois ela já está consciente de todos os acertos e erros cometidos com os filhos, essa era a postura que me lembro da Vó Zilah. Essa sim era a Vó que ajudava a educar, mesmo porque passávamos mais tempo com ela que com a outra Vó. Era ela quem tomava conta da gente quando meus pais saiam. Gostava do seu jeito prestativo, de riso fácil. Lembro que adorava “bater perna” era como se dizia a pessoa que gostava de passar mais tempo na rua que em casa. Também gostava muito de nos acompanhar aos jogos do Vasco, chegou a ir a alguns shows conosco e viajava de ônibus para visitar filhos e netos nos mais distantes cantos do Brasil. Parecia não se cansar nunca, uma disposição incrível.

Duas avós bem diferentes, mas tinham em comum o amor e carinho com que tratavam a gente, os netos. Nada mais importante do que homenageá-las no dia a elas consagrado.

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