segunda-feira, julho 19, 2010

19 de julho dia da caridade

A palavra caridade significa, originalmente, amor a Deus e ao próximo, mas ao longo do tempo acabou sendo identificados com a doação de esmola ou oferecimentos de roupas, gêneros, a indivíduos carentes ou a instituições. Nunca pensei em caridade quando fazia esses gestos. Sempre achei que fosse algo muito maior, mas não saberia explicar o que. Passei minha vida toda, ou grande parte dela sem pensar nisso, pra que não é mesmo? Bastava-me ser feliz e ponto final. Idiota que fui. Ser feliz apenas não é missão alguma para um ser humano. No grupo que estou frequentando atualmente ouço histórias grandiosas de pessoas que dedicam algumas horas de sua semana para ajudar o semelhante. Sinto que minha hora está chegando também. Nesta procura por me renovar estou cada vez mais convicto de que preciso praticar esse sentimento.

Envergonhado por não ter uma ação para contar nesse encontro com os novos amigos, voltei para casa e fiquei pensando na minha vida. Fui buscar nas minhas memórias e percebi que numa fase da minha estória eu havia me dedicado a esse sentimento sim, mas sem muito conhecimento do que estava fazendo, mas mesmo assim considero meu maior e único ato de caridade. Isso aconteceu nos anos 80, quando ainda na faculdade me inscrevi no Projeto Rondon. O Projeto Rondon, foi um bem-sucedido programa nas décadas de 70 e 80, com o objetivo de levar universitários para prestar serviços nas regiões carentes do País, principalmente nas áreas de educação, saúde e meio ambiente. Fui selecionado para fazer atividades recreativas num orfanato com crianças até sete anos durante o mês de fevereiro.
Como nada acontece por acaso, quis o destino que eu ouvisse uma palestra sobre uma parábola linda que só me fez crescer a certeza do que procuro neste momento.

Parábola do Bom Samaritano

Comecemos recordando que essa parábola foi contada por Jesus a um Doutor da Lei, que cumpria os mandamentos, e que, para provocar Jesus, lhe perguntou quem era o próximo que ele devia amar.

“Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu, em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido passou do outro lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado. Mas um Samaritano que viajava, chegando ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em suas feridas e as enfaixou; e tendo-o o colocado sobre sue cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas e as deus ao hospedeiro, dizendo: Tende bastante cuidado com este homem, e tudo o que despenderdes a mais, eu vos restituirei no meu regresso.”

 
O ensino propiciado por Jesus Cristo nessa edificante parábola é dos mais significativos. Nele podemos apreciar o exercício da caridade despretensiosa, incondicional, em seu sentido amplo, sem limitações. O samaritano, era considerado herege e uma raça inferior pelos judeus, foi o paradigma tomado pelo Mestre para nos ensejar tão profundo ensinamento.

O grande mérito da parábola consiste em fazer evidenciar aos nossos olhos que, o indivíduo que se intitula religioso e se julga virtuoso aos olhos de Deus, nem sempre é o verdadeiro expoente de virtudes que julga possuir. Ensina aos outros como fazer caridade, mas ele nem de longe quer praticá-la.
O sacerdote que passou primeiramente, certamente atribuía a si qualidades excepcionais e se julgava zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos. Ao deparar com o moribundo, com certeza balbuciou uma prece em seu favor, mas daí até a ajuda direta a distância é enorme. O mesmo deve ter sucedido com o levita, homem da tribo sacerdotal.

O samaritano, considerado desprezível pelos judeus, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e o socorreu da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde o assistiu melhor, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a ressarcir todos os gastos quando da sua volta.

A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não objetivou recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam atos caridosos, logo pensam nas recompensas futuras, na retribuição e na a vida espiritual.

Pois é, a caridade não se restringe a dar esmolas, gêneros, roupas, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles, nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores. O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejamos nos fosse feito. Por isso Deus mandou que amássemos o próximo.





Um comentário:

Glaucia disse...

O Projeto Rondon era legal para os universitarios (minha irma tambem fez) e para as pessoas que eles ajudavam, mas certamente nao foi seu unico ato de caridade. Ja presenciei, aqui mesmo no blog, atos de caridade seus.
bjs