segunda-feira, junho 07, 2010

06 de junho aniversário do Landinho

Gostaria de lembrar do meu irmão hoje, no dia do seu aniversário. Muitos amigos nem chegaram a conhecer esse cara tão especial mas com um gênio tão difícil. Tinha realmente uma personalidade muito forte mas ao mesmo tempo era muito fácil de se conviver  porque era uma pessoa boa, de coração puro, bom caráter e muito divertido. Edu conviveu com ele pouco tempo, mas tenho certeza de que foi meu irmão que o recebeu nessa sua passagem. Vou tentar descrevê-lo e ai vocês vão saber porque tenho essa certeza.

Como irmãos fomos como qualquer outro, brigando muito, mas sempre juntos. Na escola era aquele aluno aplicado que prestava atenção nas aulas e não precisava estudar para as provas. Ficava impressionado com essa sua capacidade. Lembro que minha mãe insistia para ele estudar para as provas e ele rebelde dizia que não precisava. E não precisava mesmo, tirava sempre boas notas. Em casa tínhamos umas brincadeiras que eram só nossas, de irmãos mesmo, que se entendiam com uns códigos  de pura bobeira, mas  muito divertidos. Gostávamos das mesmas coisas, mas profissionalmente  seguimos caminhos opostos.

Sempre buscou o que queria, foi atrás, lutou e conseguiu. Teria ido muito mais longe se tivesse tido tempo. Seu melhor emprego foi no hotel Meridien em Copacabana e chegou a sub gerente noturno. Aprendeu tudo neste emprego. Cheguei a trabalhar com ele neste hotel nesse mesmo turno da madrugada. Um horário ingrato, das 23 às 7 hs da manhã. Eu não aguentei seis meses, mas ele não, ficou por lá anos. Era persistente, tinha força de vontade, era agitado, e parecia que o dia tinha muito mais do que 24 hs. Nunca vi uma pessoa fazer tantas coisas ao mesmo tempo e sem cansar. Parecia que tinha pressa em fazer tudo que pudesse. Descobriu o mundo e pessoas trabalhando nesse hotel. Decepcionado por nunca ter passado para gerente, outros com menos tempo de casa conseguiram, abandonou o trabalho e com o dinheiro foi conhecer a Alemanha, justo na época da queda do muro de Berlim. Nada mais apropriado para uma pessoa tão agitada como ele. Estando ali, aproveitou para conhecer alguns países que estavam a seu alcance não só pela quilometragem mas financeiramente. Aproveitou a vida como quis.

Quando voltou foi trabalhar na rua como camelô e tinha a mesma vontade, a mesma garra e disponibilidade como se ainda estivesse trabalhando de terno e gravata no hotel. Falava com os clientes da banca da mesma forma que falava seu inglês com as tripulações das empresas aéreas. Para ele não havia diferença alguma. Era feliz do mesmo jeito. Dava um capricho na barraca como se tivesse uma loja de luxo. Um batalhador, com um vigor, uma vitalidade e uma disposição como poucos.

Por isso sofreu quando o destino o desacelerou. Pare agora rapaz! - deve ter dito alguém lá de cima. Você já viveu tudo que tinha para viver com apenas 28 anos. Viu muito mais coisas do que muita gente com o dobro da sua idade. Foi um cara que nunca pensou no futuro, sempre viveu o hoje, o momento.  Era elétrico demais e aquele momento realmente foi terrível para uma pessoa como ele. Claro, ficou revoltado num primeiro momento. Todos nós ficamos. Mas ele foi buscar ajuda espiritual de todas as formas, igreja messiânica, evangélica, católica, cartomante, terreiro, e tudo mais que lhe proporcionasse bem estar. Tinha amigos em todas essas religiões e por isso não se furtou a procurar ajuda nesses lugares. E com essas ajudas ele encontrou a paz e se acalmou. É visível para mim essas fases que ele passou com a doença. Nessa última, que chamo de aceitação é que ele se foi. Estava pronto. Acho que nem Deus ia aguentar aquele seu jeito agitado. Porque ele realmente tirava todos do sério quando era contrariado. Mas era uma pessoa de um coração enorme, carismático e amigo. Era o tipo que tiraria a roupa do corpo para dar ao próximo se estivesse precisando. Todos que o conheceram sabe o quanto era uma pessoa alegre e divertida. Por todas essas suas qualidades é que sentimos muito a sua falta. Nunca o esquecemos.  Foi embora muito novo é verdade mas viveu intensamente, da melhor maneira possível. Da maneira que ele quis viver.

Um comentário:

Fabiana disse...

Zé demorei a postar, pois sempre me emociono com suas palavras e depois dessa lembrança tão linda não me contive ele foi muito especial para mim aproveitei muito com ele, estudos de inglês,tentei francês mas não deu era so de brincadeirinha, jogos de volei e o carnaval como era divertido as madrugadas de desfile quando ficávamos em casa eu e a Patty assistindo e gravando para ver se voces apareciam era muito legal.
Muito obrigada por essa recordação.
Beijos. Bia