sexta-feira, março 05, 2010

DEZEMBRO DE 1992


Foi um ano muito duro, triste na minha casa mas dentro de mim não me continha de tanta felicidade que conhecer o Eduardo me proporcionava. Vivia dividido entre a tristeza e felicidade. Alternava esses momento, em casa tristeza e fora de casa um novo José Carlos, revigorado, feliz.

A semana começou 02/12 (segunda-feira) indo no aniversário de uma amiga (Nilda)de onde trabalha na época (CBPO). Foi bem legal, me diverti um pouco e de lá mesmo liguei para o Eduardo pois estava com saudades. Usei o telefone da casa da Nilda porque nessa época não havia celular, ou pelo menos eu ainda não tinha. Quando cheguei em casa as 11:00hs liguei de volta ele que já estava deitado mas não se importou de eu ter ligado. Estava meio zonzo pela bebida da festa, sentiu que estava animadinho e pediu para que eu fosse descansar. Dormi tranquilo.

03/12 (terça-feira) Liguei para o Eduardo para avisar que havia posto um anúncio no balcão (nem sei se esse jornal de anúncios ainda existe) para a venda de 2 filhotes de dobermann que ele havia me pedido. O valor dos filhotes era de Cr$ 35.000,00 cada e ia sair na sexta, segunda e quarta-feiras. Falei que havia comprado uma blusa para o Ronald (primo dele) na Twin e ele se interessou em comprar também. Era uma loja que reproduzia em camisas obras de pintores e como o Ronaldo é artista plástico, achamos que ia gostar. Pediu que eu comprasse uma para ele também dar.

06/12 (sexta-feira) Eduardo veio aqui em casa, fomos ao Rio Sul e de lá para a casa do Ronald.

08/12 (Domingo) Acordamos tarde. Logo após o café fomos para a praia com a Vera e a Simone. Foi uma tarde super agradável. Conversar com a Vera é demais! Essas 3 mulheres serão um capítulo a parte nesse blog.

09/12 (segunda feira) Surpresa boa foi receber uma ligação do Eduardo quando eu me preparava para dormir. Que sensação boa, meu Deus! Fiquei nas nuvens! Felicidade é isso que estou sentindo! escrevi isso na minha agenda para marcar bem o que sentia quando o Eduardo me proporcionava surpresas. Uma pessoa fechada como ele, era difícil isso acontecer, ele deixava de ser previsível pra mim. Senti essa sensação de felicidade e continuei escrevendo: Obrigado Meu Deus! Que bom que isso existe!

10/12 (terça-feira) Começamos a arrumar a casa para o Natal. Ninguém está animado. O meu irmão não melhora. Mas temos .Rezávamos muito para que ele ficasse bom.

12/12 (quinta-feira) Tinha ido na casa de um amigo (Eurico) depois do trabalho, o telefone dele estava mudo e só pude ligar para o Eduardo qdo chegasse em casa. Foi o que fiz mas a mãe dele atendeu dizendo que ele estava dormindo, estava cansado por ter trabalhado demais. Caramba, e pensar que foi assim a vida inteira. Fiquei chateado e no dia seguinte iria me desculpar.

14/12 (sábado) 3 meses juntos

18/12 (quarta-feira) Liguei para Vera para me dar uma dica de qual presente comprar para o Eduardo. Eu e Eduardo nos falamos 3 vezes ao dia. Isso viria a se tornar um hábito nesses 19 anos. Felicidade existe, escrevi na minha agenda.

20/12 (sexta-feira) Festa de final de ano no meu trabalho. Liguei para o Eduardo e ele veio me buscar com o Ronald as 21:15hs. Foi ótimo. Fomos para a casa do Ronald e depois me trouxe em casa. Quanta felicidade!

22/12 (domingo) Nesse início que estavámos nos conhecendo, ficavámos no atelier/casa do Ronald em Laranjeiras, mais especificamente na Rua Alice. Ronald sempre foi parceiro. Um primo adorável e solicito sempre. Já tinhamos até a chave do atelier. Acordavámos já rindo com as brincadeiras do Ronald, nós 3 éramos uma festa só de tanta palhaçada. Me protegeu contra as investidas do Ronald em cima de mim. Primeira demonstração de ciúmes e de carinho. Tudo brincadeira porque o Ronald é assim mesmo mas no início como essas demonstrações tem um peso grande. Depois do café fomos a praia com a prima dele, Silvana. Foi bem agradável. Pesquei numa conversa entre ele e Silvana que ganharia um tênis de presente de Natal. Almoçamos com ela e a tarde fomos ao cinema.

24/12 (terça-feira) É natal. Eduardo veio aqui em casa e conheceu minha mãe pela primeira vez. Fomos ao Shopping depois. Comprei um disco das Escolas de Samba. Foi no estacionamento mesmo que ele me entregou o presente; o tênis (que já sabia) e uma bermuda. Fiquei bastante feliz por ele ter sido tão carinhoso e envergonhado. Essa característica Edu levou para a vida toda: tímido mas carinhoso. Qdo voltamos eu entreguei o presente que comprei para ele, uma blusa branca, claro.

25/12 (quarta-feira) Só me ligou as 13hs. Disse que não havia ligado na noite do dia 24 porque o telefone de casa ficou ocupado por um bom tempo e acabou indo dormir. Falou que havia gostado da blusa, me falou sobre o seu natal, perguntou sobre o meu. Falou que passaria a tarde aqui em casa para sairmos, mas não quis entrar. Me proporcionou uma surpresa, estava realmente saindo do previsível. Foi bom ficarmos juntos.

O Final de ano foi passado em Cascata, já contado em outro ponto abaixo.

Quis contar sobre o final desse ano por dois motivos. Primeiro porque me fez sentir mais leve o peso da tristeza em ver meu irmão doente, e nesse final de ano pude conferir algumas características do Eduardo que foram se firmando por esses 19 anos. Todas foram melhoradas com certeza mas algumas ele manteve. Foi um final de ano especial pra mim, conheci a felicidade a partir dai, senti como é bom poder dividir tudo com uma outra pessoa de como é bom a vida a dois. Por isso durou tanto tempo e duraria mais se não fosse as injustiças da vida. Pensava em ficar velhinho ao seu lado e ele ao meu, sempre falávamos sobre isso, de como seria nossas vidas como idosos. Queria muito que ele cuidasse de mim!

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