Para os supersticiosos como eu sou melhor levantar da cama pisando com o pé direito. Todo cuidado é pouco já que hoje é sexta feira 13, ainda mais sendo mês de agosto, conhecido como mês "do azar", "do desgosto", "do cachorro-louco" e "de amuleto no bolso". Segundo o folclorista Luís Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro, "o dia 13 é um número fatídico, pressagiador de infelicidades. A superstição de evitar 13 convidados à mesma mesa é tradicional como uma reminiscência da Santa Ceia, quando Jesus Cristo ceou com os seus 12 apóstolos, anunciando-lhe a traição de um deles e seu próprio martírio". A palavra superstição deriva de superstituosos e primitivamente significava "vidente ou profeta". As superstições surgem como explicação para os fatos que desconhecemos. A superstição e o azar estão ligados apenas a acomodação e a falta de fé, uma maneira de encontrarmos culpados para os nossos insucessos ou fracassos, muitas vezes resultantes da nossa própria falta de esforço e dedicação. Quando as coisas não acontecem, culpamos o azar.
Eu não gosto dessa palavra, e mesmo sendo supertisioso nunca culpei o azar pelos acontecimentos ruins na minha vida. Mesmo nesse momento atual. Sou um supertisioso convicto e sem culpa. Sempre fui assim. Já faz parte da minha vida. Certa superstição que na minha infância era somente uma crendice, hoje em dia corre o risco de ser considerado um Transtorno obsessivo compulsivo. Isola. Vou isolar batendo três vezes na madeira. Quando quero afastar o “azar” tenho este hábito. Hoje então, vou pensar em algumas maneiras para me proteger. Vou pegar todos meus amuletos e segurar firme. Nessa fase sensível e fraca que estou vivendo, preciso me cercar de todas as proteções para que eu não fique sujeito a todos os tipos de más influências, pois "as bruxas estão soltas", melhor tomar cuidado.
Espero cruzar com alguma cigana pelo meu caminho. Quero que leia minha mão e me fale sobre meu destino, que me revele como será. Eu preciso dessa revelação. Hoje mais do que nunca vou estar atento ao sobrenatural e por isso minha figa de guiné estará no meu bolso. Espero que não cruze com nenhum gato preto pelo caminho porque aí é azar na certa. Li que na idade média, acreditava-se que os gatos eram bruxas transformadas em animais. Vai que são. Não quero saber de bruxas me desestabilizando, me infernizando.
Quando criança lembro algumas histórias contadas pelos mais velhos que são muito engraçadas, como não passar por cima de uma criança que senão ela não crescia, só se despulasse novamente. Da mesma forma que quem passasse por debaixo do arco-íris mudava de sexo: o homem vira mulher, e a mulher vira homem. E passar por debaixo da escada então? Até hoje evito. E se sua orelha esquentar de repente? É porque alguém está falando mal de você. Nesses casos, vá dizendo o nome dos suspeitos até a orelha parar de arder. Para aumentar a eficiência do contra-ataque, morda o dedo mínimo da mão esquerda: o sujeito irá morder a própria língua. Não podemos bobear, o dia hoje é para isso, se cuidar. Gosto de relembrar essas histórias lembra um tempo sem preocupações, e os medos eram somente esses, do sobrenatural.
Não sei se ainda existem benzedeiras. Quando era pequeno era tão fácil encontrar uma. Na rua mesmo tinha uma, a Dn Mocinha. Pena que não está mais entre nós porque senão iria a sua busca para me rezar e proteger de todo mal. Estou precisando. Já que não conheço nenhuma, vou à casa do meu padrinho para pedir a sua benção, já que é tão forte quanto uma reza. Mas terei que sair pela porta que entrei, porque um supersticioso que se preze tem que entrar e sair pela mesma porta. Agora, se o chinelo estiver virado, desconjuro, vou logo desvirando.
Brincadeiras a parte, o que devemos ter em mente é que o que traz sorte para uns acaba azarando a vida de outros. E assim será esse dia, igual a todos os outros.
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