Sempre pensei em casar. Meus relacionamentos sempre foram duradouros, ou pelo menos eu sempre fazia por onde para que eles fossem. Sempre quis casar. Sempre quis um daqueles amigos de filmes que estão sempre juntos em qualquer situação, desde noitadas até brigas. Queria aquele companheiro que tivesse o mesmo pensamento que o meu, ou se não tivesse, embarcasse nele como se fosse o seu. Queria uma pessoa que só em olhar você já sabe o que sente e o que quer, e vice versa. Mas isso não é fácil de se conseguir. Por isso os poucos relacionamentos que tive não foram duradouros como eu gostaria. Estive procurando essa pessoa por um bom tempo e quis o destino que ela aparecesse no momento mais crítico da minha vida, onde minha instabilidade emocional era visível. Como olhar para essa pessoa e saber realmente que ela é a sua cara metade?
Mas foi simples, por mais que eu duvidasse, ele estava ali, na minha frente, a pessoa que eu iria casar. Quem conheceu o Eduardo sabe que mesmo sendo tímido seus olhos traziam uma sinceridade, uma sensibilidade, um carinho, uma força, um companheirismo, um caráter que não deixava dúvidas sobre a pessoa que ele é. E o melhor, o que eu buscava ele também buscava. Nos completávamos. Tudo que eu desejava encontrei nele, era perfeito. Então, a busca do "quem casa quer casa" começava.
De início essa casa foi um quarto no Atelier do Ronald Duarte (seu primo) que ficava da Rua Alice, Laranjeiras. Tínhamos as chaves do Atelier e passamos inicialmente os finais de semana e alguns feriados lá. Não sei se todos sabem como é um atelier de artista plástico mas era uma bagunça e o Eduardo conseguia deixar pelo menos o quarto e o banheiro com cara de casa.
O próximo passo foi com a ajuda do Tio Antonio (tio do Eduardo). Como ele morava em copacabana e iria mudar para São Paulo, ofereceu o apartamento da Barata Ribeiro para que nós ficássemos por lá. Mas era a casa do Tio Antonio e com todas as coisas dele dentro. Morar em Copacabana foi uma maravilha, tudo perto, saiamos a pé para cinemas de rua (que ainda existiam), restaurantes, praia, visitar os amigos que também moravam por ali e fazer compras.
Tudo mudou quando o Eduardo montou com sua amiga de faculdade Carmem uma outra Clínica Veterinária (já que ele já tinha a dele em Nova Iguaçu) em Jacarépagua. O apartamento ficava na freguesia, na rua Beneventes, em frente ao restaurante Planalto, bem próximo da clínica que ficava na Geremário Dantas. Como era um quarto e sala, o tamanho ideal para nós dois, fomos aos poucos colocando o necessário lá dentro. Alguns móveis do antigo dono ficaram por lá e compramos poucas coisas, uma cama, a geladeira, ar condicionado (claro!) e um aparelho de CD. Acho que ainda temos esse aparelho guardado no Recreio. Não tinha quase nada mas era uma casa, e nossa. Dividíamos as contas e pronto, casados e com casa.
Como a clínica ia bem, Carmem propôs alugar uma casa com piscina dentro de um condomínio na Estrada do Gabinal, também em jacarépagua. Faziam com que a casa fosse uma extensão da Clínica, dando cursos de banho e tosa e canil para hospedagem. Era uma casa de dois andares, com três quartos em cima e cozinha e sala embaixo. Bem grande. Nós ocupávamos um quarto. A experiência foi boa porque além de ser um lugar tranquilo, as vezes dávamos grandes festas. O fato é que foi como se tivéssemos andado para trás. Não era nossa casa. Não no sentido de pagar já que a clínica bancava aquele luxo todo, mas no sentido de não ter a cara de uma casa de duas pessoas que se gostam. Mesmo ele tentando distribuir suas coisas de decoração pela casa, essas coisas se misturavam a outros objetos dos outros moradores. O único local com a nossa cara era o quarto. Foi um erro, um retrocesso aceitar morar ali, tanto que com o tempo a sociedade da Clínica se desfez e a casa também.
Voltamos novamente para Copacabana, com o oferecimento do amigo Rogério, que tinha um apartamento por temporada na Paula Freitas, fomos para lá. Era um quarto e sala com cozinha americana e novamente curtimos morar no bairro, caminhadas a noite no calçadão, cinema, boates, teatro, restaurantes, enfim, tudo perto. Para lá não levamos quase nada pois o apartamento por ser de temporada, já possuía móveis. Mas uma vez a nossa casa não tinha a nossa cara.
E o nosso momento finalmente estava chegando com uma proposta de entrarmos num consórcio de apartamentos no Recreio dos bandeirantes. Nossa, nem sabíamos quanto tempo ia durar essa construção. Mas a idéia nos parecia boa. A construção começou em 1997 e em 2001 entramos no apartamento. Não moramos esse tempo todo em copacabana. Como essa construção era na base de cotas, e as cotas aumentavam demais, foram anos dificéis, com pedido de empréstimos em vários bancos e a várias pessoas. Houve momentos que Edu queria desistir mas forçei a barra e bati firme que faltava pouco. Nos apertamos ainda mais e fomos levando. Nesse tempo não tínhamos casa, na verdade cada um ficou na sua e alguns finais de semana dormia em Vaz Lobo ou então em motéis.
Conseguimos. O sonho foi finalmente realizado e o "quem casa quer casa" se concretizou, para nossa felicidade. Nem imaginávamos o quanto nossas vidas ia melhorar nessa ida para o Recreio. Rua Raul da Cunha Ribeiro, esse é o endereço da nossa casa, da casa onde as coisas foram compradas com muito cuidado e carinho, tudo foi pensado lentamente. Tudo foi pensado juntos e comprados juntos. Ele tinha uma noção de decoração que me fascinava, sabe exatamente qual cor combina com o que, qual objeto fica melhor onde, qual tapete, que tipo de movél, que tipo de lustre. Tudo foi comprado juntos, tudo dividido por que esse é o espírito da frase "quem casa quer casa", aturar as conseguências que isso traz, ou seja despesas, preocupações e etc. Mas traz também felicidade, alegria, tranquilidade, harmonia, paz e muito amor. Sim porque esse apartamento é impregnado de amor, pra sempre.
2 comentários:
Querido amigo Zé Carlos,
Hoje estive com a Lucyana, lá da clínica de NI, e ela me falou do blog, não aguentei a ansiedade e vim logo conhecer e ser um seguidor. Fiquei pasmo com a partida do Edu, eu e o Vagner tinhamos estado com ele a menos de um mes do ocorrido, lá na clínica. Vejo muito do que vc escreve na minha relação com o Vagner, o quanto vcs lutaram para conquistar tudo que juntos construiram, mas força amigo. Quero muito poder te dar um abraço pois sei que assim estarei também abraçando esse grande HOMEM, AMIGO e VETERINÀRIO, Apaixonado pela vida que é, foi e sempre será o nosso Eduardo.
Força e muita, muita FÉ.
Emílio.
Emilio, não sabe o quanto me deixa feliz com suas palavras. Quero muito seu abraço. E obrigado pelas palavras e por sua amizade. Espero que em breve possamos nos ver pessoalmente. Me escreva, vamos marcar. Abs, José Carlos
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