terça-feira, março 02, 2010

O que é o luto?


O luto é uma reacção emocional a uma perda significativa. É um processo natural e um modo de recuperação emocional face à perda. Esta reacção ocorre em diversos tipos de perdas, incluindo:
• A morte de alguém significativo;
• O fim de um relacionamento significativo;
• Alguém que te é próximo e que está a experienciar uma doença crónica ou terminal;
• A perda de factores importantes na vida como segurança económica, um emprego ou curso que gostavas;
• A morte de um animal de estimação;
• Uma mudança negativa no que diz respeito à saúde ou funcionamento físico e psíquico.

O que se sente?
Quando se está a passar por um luto é normal sentires...

• Como se estivesses a ficar “louco”;
• Incapaz de te concentrares/ esquecimento;
• Zangado e/ou reactivo às coisas;
• Com a percepção de ficares mais sensível aos acontecimentos;
• Alterações de humor;
• Como se estivesses “anestesiado”;
• Ambivalente;
• Incompreendido e frustrado;
• Ansioso, nervoso e com medo;
• Falta de energia;
• Como se quisesses “fugir para bem longe” ;
• Culpa e remorso por coisas que não disseste ou não fizeste.
É Igualmente possível que tenhas algumas “alucinações”. As outras pessoas podem começar a parecerem-se com a pessoa que perdeste, porque queres muito tê-la presente.
Estes sentimentos protegem-te temporariamente da realidade da perda. Servem de “absorventes do choque psicológico” até que estejas pronto a tolerar o que não queres acreditar.

As diferentes fases de um processo de Luto:
• Negação da perda;
• Choque da perda;
• Tristeza profunda;
• Aceitação da perda.
Estas fases não são experienciadas de igual modo por todas as pessoas e também variam consoante o tipo de perda. A duração de cada uma delas é variável, no entanto podes ficar “preso” a uma delas. Se achares que isto te aconteceu ou está a acontecer, é sempre possível mobilizares recursos no exterior, como procurares ajuda dos teus amigos, familiares ou de técnicos especializados como os
psicólogos.

Como lidar com o Luto?
• Falar com família e amigos;
• Procurar ajuda psicoterapêutica;
• Fazer exercício;
• Participar em grupos de apoio, religiosos ou não;
• Ler livros sobre o assunto;
• Manter a esperança;
• Participar em atividades sociais;
• Ter uma alimentação cuidada;
• Descansar e relaxar;
• Ouvir música.
Esta lista poderá ajudar-te a teres uma ideia mais clara de como “gerir” o que estás a sentir. No entanto, cada um de nós tem o seu estilo próprio e único de lidar com a dor e por isso poderás a partir de aqui fazer uma lista só tua, mais adaptada as tuas necessidades. Falares com amigos que tenham passado por um luto há pouco tempo poderá ajudar-te a encontrar novos caminhos para lidares com o teu luto. Apesar de, ao limite, teres de ser tu a perceber e sentir o que melhor se adequa a ti e ao teu luto. Um dos caminhos para perceberes melhor o teu estilo próprio de lidar com situações de grande sofrimento e perda, pode passar por recordares como lidaste com outras épocas dolorosas no teu passado. Tentar refletir sobre o que sentiste como mais útil e adaptado para lidares com essas situações. No entanto é importante ter em atenção que, por exemplo, falar com amigos ou escrever o que estás a sentir, podem ser estratégias muito úteis, mas outras como isolamento ou abuso de
substâncias podem ser muito destrutivas e impedir-te de fazeres o luto. Nunca te esqueças que demora muito tempo a “cicatrizar” a dor e sem dúvida que haverá uns dias melhores que outros..

Como pode a terapia ajudar?
Muitas vezes, podes achar que os amigos e a família não te podem fornecer o nível ou o tipo de apoio que precisas no teu processo de luto. Certas pessoas podem estar elas próprias a vivenciar um luto, podes sentir que não têm um distanciamento suficiente face a ti e ao processo ou podem transportar certos “mitos da sociedade” em relação à perda e ao luto. Nestes e noutros casos, um psicólogo pode ajudar-te a compreender melhor o teu luto fornecendo-te a informação e o apoio necessários. Pode ainda disponibilizar um lugar seguro onde possas viver a tua dor inteira e naturalmente, ajudando-te a seguires em frente e a encontrar um significado continuado na vida.

Como podes apoiar e ajudar outra pessoa que está em processo de luto?
• Seres um bom ouvinte;
• Estando presente;
• Perguntar sobre a sua perda;
• Fazendo-lhes telefonemas;
• Deixando-os sentirem-se tristes;
• Não minimizar a sua perda;
• Fazendo perguntas sobre o que estão a sentir;
• Partilhar os teus sentimentos;
• Relembrar a perda;
• Ter consciência e conhecimento da dor;
• Estares disponível sempre que puderes;
• Falares das tuas próprias perdas.
Quando se está a vivenciar um luto, é natural que as pessoas se sintam frequentemente sozinhas e isoladas, já que pouco depois da perda as redes e apoios sociais parecem diminuir. Até porque,quando o choque da perda desvanece, há uma tendência para as pessoas se sentirem mais tristes e isolarem-se. Também é natural que alguns amigos bem intencionados possam tentar evitar discutir o assunto devido ao seu próprio desconforto relativamente ao luto, ou devido a terem medo de fazer
com que as pessoas se sintam pior. Podem não saber o que fazer nem o que dizer.
Neste sentido é importante perceber que as pessoas em luto, muitas vezes flutuam entre querer estar sozinhas e querer a companhia dos outros. Tendo consciência desta ambivalência, podes tentar sentir se a pessoa quer sentir-te mais “perto” ou mais “distante”, tenta no entanto mostrar que estás sempre disponível para o que precisarem. Mostras assim o teu interesse e a tua sensibilidade, o que pode ser muito tranquilizante para quem está a viver um luto. Mesmo que te sintas constrangido e nervoso por estares com alguém em luto, isso é melhor do que não estares sequer presente. O luto é uma das experiências mais dolorosas e intensas que qualquer ser humano pode vivênciar e testemunhar. No entanto, quanto mais conscientes estivermos da intensidade e individualidade com que cada um vive este processo, mais facilmente o conseguiremos experienciar, tendo sempre em
conta que a dor é inevitável.

The student Counseling Virtual Pamphet Collection, http://counseling.uchicago.edu/vpc, traduzido e adaptado por
Iolanda Boto, Psicóloga estagiária do GAPsi- FCUL.

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