terça-feira, dezembro 07, 2010

Ronald

O primeiro parente do Eduardo que conheci foi seu primo Ronald. Aliás, já o conhecia de tanto que ele falava desse primo. No início cheguei até ficar com ciúmes. Tinha dúvidas que fosse primo. Mas bastou conhece-lo para perceber o motivo de tanta paixão. Ronald realmente é muito cativante e envolvente. Lembro exatamente quando fomos apresentados. A chegar ao seu atelier, pensei que se tratasse de um barracão de escola de samba, tal a quantidade de materiais, estruturas e peças que aos meus olhos parecia inacabadas. Foi só o primeiro olhar, conhecendo o Ronald e sabendo que era artista plástico, logo meu conceito e meu olhar tomaram outro rumo.

Tudo no Ronald é exagerado, seu sorrisão mal cabe no rosto, logo, tudo que o envolve é exagerado. Não seria diferente com as suas obras. Inconfundível. Um cara incrível. Falador, sensível, inquieto, amoroso, agitado, mas muito amigo. Difícil não estar perto dele e não se encantar. Um cara que não passa despercebido em lugar algum.

Convivemos demais com ele nesse inicio de relacionamento. Deu-me até um apelido, “Madureira”. Ficávamos no seu atelier todos os finais de semana e era uma mistura de circo com parque de diversão. Se quiséssemos um lugar tranquilo, não era lá que encontraríamos. O entra e sai de personagens naquele atelier era como se tivesse sempre uma festa pronta para começar. E era sempre uma festa, mesmo estando só os três. Fazíamos tantas coisas juntos, mas o que mais gostava era quando íamos à feira da Augusto Severo, no bairro da Glória para fazer compras para o almoço. Nada era tão simples com o Ronald por perto. Aqueles dois parecia se deliciarem com cheiros e cores das barracas e essas compras demorava mais que o devido. Quantas caminhadas nas paineiras para banho de cachoeira, comer em Santa Teresa. São muitas as lembranças desse tempo.

Outra lembrança boa foi ter passado um réveillon em Cascata (Distrito de Casimiro de Abreu) no ano de 1992. Ele tinha montado lá o que seria futuramente uma pousada e resolvemos ir para lá (Ronald, Eduardo, Stanley e eu). A farra estava completa. Chegamos com chuva, mas mesmo assim a viagem foi bem divertida com as bobeiras do Ronald e do Stanley. Ainda não havia luz elétrica na pousada, o que tornava o lugar ainda mais interessante e misterioso. Pouco tinha o que fazer a não ser usufruir da natureza, conversar, rir, comer e dormir. O silêncio só era interrompido pelo barulho do rio que passa pelo terreno. Foi à passagem de ano mais atípica da minha vida, mas nem por isso menos incrível. Não havia fogos para identificar a chegada do ano novo e nos abraçamos e brindamos sem nos preocuparmos com isso. Foi assim que chegou o ano de 1993. Esse vídeo que coloco aqui dá a noção do quanto foram maravilhosos esses dias convivendo com uma pessoa tão incrível como esse Ronald. Um cara que transpira, transpira carinho, afeto, generosidade, amizade, disposição, enfim, só em sentir seu abraço percebemos sua alegria nos envolvendo.

Claro que com o passar do tempo fomos procurando outro canto, nossas vidas tomaram outro rumo e acabamos por nos distanciarmos sem perceber. Já não subíamos mais a Rua Alice como fazia antes, nossa vida passou a ser a região oeste da cidade. Uma pena, mas a vida é assim mesmo, faz com que trilhemos caminhos diferentes, mas sem que se percam os sentimentos. Estes estão guardados para sempre no coração, não há distância que o mate.

Minha admiração por você é imensa! Felicidades!

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