Acho que a primeira vez que vi alguém ter uma devoção por um santo foi quando ainda adolescente, passava finais de semana na casa dos meus padrinhos e lá tinha um altar em cima da porta com a imagem de Santa Luzia com uma luz vermelha que ficava acesa dia e noite. Minha dindinha Glória perdeu uma vista depois do nascimento dos seus filhos e para que não fosse acometida com o mesmo problema na outra visão, passou a pedir proteção a Santa, já que é a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.
Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto ao sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.
Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício aos deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".
Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.
Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo.
Em 2007 tive um problema na vista e diagnosticado como Herpes Ocular. Difícil tratamento me afastou do trabalho por 15 dias, impedido de ler qualquer coisa, de ver TV, enfim nada que cansasse a visão. Sem falar nos medicamentos, tanto via oral, quanto colírios e pomadas. Um suplicio que felizmente chegou a um final feliz e minha mãe me lembrou de que eu trabalhava numa rua paralela a Rua Santa Luzia, onde há uma igreja da Santa padroeira dos olhos. E foi para lá que me dirigi para agradecer a Santa Luzia pela melhora.
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