terça-feira, junho 15, 2010

Partida e Chegada

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Quando observamos, da praia um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco impulsionado pela força dos ventos vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “já se foi”. Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: “já se foi”, haverá outras vozes, mais além a afirmar: “lá vem o veleiro”!!!

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que o separa o visível do invisível dizemos: “já se foi”. Terá sumido? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino.

Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: “já se foi”, no além outro dirá: “já está chegando”. Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida. Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgam desnecessários.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos ao encontro daquele que nos criou.


(Henry Sobel)

 
 
 
 
 
 

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