sexta-feira, junho 18, 2010

Abrindo a caixa de joias do Eduardo


A maior preciosidade que o Eduardo tinha não ficava guardada numa caixa, estava com ele para quem quisesse usufruir e aproveitar. Ele distribuiu simpatia, educação, carinho, amor, disponibilidade, amizade, integridade, caráter, tolerância, generosidade e muito mais. Ele deixou para cada um de nós, amigos, parentes, colegas e clientes essas preciosas joias que com certeza estarão guardadas para sempre em nossos corações. Orgulho-me quando um amigo se aproxima para me abraçar e abrir seu porta joia quando me falam sobre quanto ele faz falta, o quanto lembram o seu jeito carinhoso, de quanto aprenderam com ele, seja sobre a vida ou algo profissional. Ouço atentamente quando um veterinário amigo relata o profissional competente, amigo e experiente que tirava todas as dúvidas sobre a profissão. Acho tão bonito quando alguém se lembra da oportunidade que dava a um estagiário, a uma pessoa necessitada que não tivesse recursos para bancar uma consulta. Histórias de bondade e generosidade é que não faltam no currículo desse homem e profissional tão querido. Fico emocionado quando um cliente lembra saudoso da maneira delicada e carinhosa quando fazia um atendimento, principalmente do seu jeito de aplicar injeções não doloridas. Fico feliz quando minha mãe faz uma comida e lembra como se aproximava do fogão para elogiar. Cada um tem sua caixinha guardada e que em alguns momentos tem necessidade de abri-las e lembrar que ele não está visível aos nossos olhos, mas continua fazendo parte das nossas vidas através dessas ações que são eternas.

Já as joias que estão dentro de uma caixinha de madeira forrada com feltro, estão empoeiradas e podem se deteriorar pela ação do tempo. Por isso vez por outra limpo essas joias tão simples e singela como ele foi à vida toda. Nela está guardado o primeiro cordão que dei de presente. Um cordão de ouro com um pingente de sol, pois sempre o considerei uma luz brilhante que invadiu minha vida no momento que eu mais precisava. O simples fato de usar o cordão o incentivou a comprar outros adereços que ele sempre teve vontade de usar, mas por inibição não comprava. Libertou-se dessa vergonha e passou a comprar anéis e alianças, largos e grossos para usar nos dedos. Podiam ser de pratas ou mesmo feito por artesãos em feiras. Valorizava o belo, o artesanal, a riqueza dos detalhes. Dos anéis passou para as pulseiras. Tinha poucas, mas duas eram especiais para ele. Uma de prata que gostava de colocar junto com o relógio e outra de osso, comprada numa feira de artesanato em Rondônia. Essa então era a mais querida, tinha paixão por essa pulseira, justamente porque era feita de um material e designer diferentes. Certa vez me levou a loucura quando achou que tivesse perdido essa pulseira. Reviramos toda a casa e ela estava guardadinha no lugar de sempre. Ficou feliz como uma criança que encontra seu brinquedinho. Por conhecer a história de cada uma dessas joias é que de vez enquanto coloco todas para sentir sua energia e lembrar como gostava de se enfeitar com esses objetos.

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