Mês de abril era o mês que antecedia as nossas férias e começávamos a pensar para onde iriamos. Sempre tínhamos duas opções em mente, nada convencional, tentávamos descobrir lugares onde ainda não tinha grande concentração de turistas, cidades pacatas e tranquilas. Nossas viagens sempre foram voltadas para o ecoturismo. E quando não tínhamos dinheiro para concretizar a viagem dos nossos sonhos, fazíamos a segunda opção. Foi o que aconteceu no ano passado, queríamos ter ido a Machu Picchu, mas com a crise mundial, o preço elevou e deixamos para o ano seguinte e como plano B, fomos conhecer o Ceará, primeiro fizemos todo o sertão, depois conhecemos a serra e por fim a praia. Uma viagem maravilhosa.
Edu era quem resolvia se íamos tirar no começo de maio ou mais para o final. Ele precisava deixar tudo programado na Clínica para que ela funcionasse como se ele estivesse lá. Ele trabalhava demais e se para qualquer ser humano tirar férias é vital, para ele ficou sendo imprescindível. Esses dias fora da rotina ele se renovava, se recarregava, descansava e só não se desligava completamente porque ligava pelo menos uma ou duas vezes na semana para saber como estavam as coisas na Clínica.
A mim cabia toda a parte prática das viagens. Depois de escolhido o local, entrava em contato com a operadora e tratava tudo. Depois que conheci a Mônica, e sabendo que ela trabalhava numa agência de turismo, tudo ficou mais fácil. Virou uma grande amiga e se virava para concretizar os nossos sonhos. Às vezes escolhíamos lugares complicados e demorava fazer os acertos necessários, como foi a que fizemos para o Estado de Rondônia. Mas outras eram tranquilas, como foi à viagem para Maceió. Fomos aonde quisemos ir, dos lugares mais distantes aos mais pertos. Da região nordeste só não conhecemos o Piauí, mas não por que não gostamos do Estado, foi nosso plano B em várias viagens. Ele queria muito ter conhecido as pinturas rupestres na Serra da Capivara. Além do Piauí faltou conhecer o Amazonas, o Acre e Roraima. No Sul faltou Santa Catarina e Paraná. Tínhamos planos de poder tirar férias duas vezes no ano, uma mais longa, a de maio e outra de apenas uma semana para que pudéssemos ver algumas festas pelo Brasil.
Nesse momento eu já teria trocado vários e-mails com a Mônica para nos passar a cotação das viagens, acho que seria Machu Picchu este ano ou então o Amazonas. Machu Picchu porque achávamos que se não fossemos agora não teríamos mais idade para fazer a subida que gostaríamos. Ríamos dizendo que já estávamos ficando velhos para essa caminhada. Seria mais um sonho realizado para juntar a tantos outros que nos proporcionamos. Éramos duas crianças quando viajávamos, não tínhamos hora para nada, dormíamos e acordávamos a hora que queríamos. Era sempre uma lua de mel, mesmo quando não viajávamos sozinhos.
Construímos histórias, trouxemos não só objetos para casa, mas lembranças, muitas lembranças. Momentos inesquecíveis como a louca aventura de comprar uma baiana de uns 30 cm de altura, de barro no meio do sertão de Aracaju, em Xingó. Edu se apaixonou pela baiana e comprou. Estávamos de ônibus e era uma viagem longa, tivemos que nos revezar, cada hora um vinha segurando no colo à baiana. A maior parte do tempo foi ele quem carregou claro, o autor da roubada foi ele, mas com pena, também passou pelo meu colo, pelo da Teresa e da Cássia. E com todo cuidado porque o ônibus sacolejava tanto que ele tinha medo de quebrar. E por fim, quando chegamos ao Rio, no primeiro final de semana que fomos ao Shopping vimos aquele tipo de baiana começando a ser vendido. Rimos muito olhando na vitrine da loja um festival de baianas de barro depois daquele esforço todo para trazer aquela lá do sertão de Sergipe.
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