sexta-feira, abril 02, 2010

As dores de Maria

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Nunca tive coragem de perguntar a minha mãe como suportou a morte do meu irmão. Somente eu e ela estávamos ao lado dele quando nos deixou. Lembro-me que foi através de uma grande amiga dela, Maria Gorete que a levou para essa ajuda espiritual na Igreja Católica. Também nunca perguntei como foi essa ajuda. Se nessa perda do meu irmão pude contar com o anjo Eduardo ao meu lado, de novo nessa situação de dor e tristeza os amigos são meus anjos. Mas cheguei num momento que eles me falaram para eu procurar um profissional que pudesse me ajudar a atravessar esse luto com menos sofrimento. Meio que desacreditado, mas necessitando muito de ajuda, fui e ter conhecido a Dr. Adriana foi realmente à ajuda que precisava para eu entender tudo que estou passando e voltar a me fortalecer para seguir a vida.

Mas e minha mãe, fico pensando nela, perder um filho deve ser uma tragédia. O mundo acaba, deve ser o fim. São as mães que carregam os filhos no ventre por nove meses, amamentam, trazem no colo, os seguram com as mãos, eles crescem, mas continuam sendo parte do seu corpo. Acho que elas não pensam que um dia poderão enterrar os filhos. Ninguém mais velha pensa que irá enterrar uma pessoa mais nova. Não é a ordem natural da vida. Pelo menos achamos isso. E as mães devem achar isso também. E pensando nisso acredito que ela sim precisaria de um terapeuta, de uma ajuda além da espiritual. Mas nem sabíamos que tinha profissionais que pudessem ajudar nisso. Mas com a força de mãe ela foi à busca dessa ajuda e teve forças para reagir a todo esse sofrimento.

Não tenho certeza de nada, como disse, não tenho coragem de perguntar, de voltar a falar nisso, logo agora que perde um novo filho, sim porque considerava o Eduardo como um filho. Mas vi que ela foi atrás de ajuda. E com a ajuda dessa amiga ela virou uma filha de Maria. Ela foi se espelhar nessa mãe que também sofreu pela morte de um filho. Foi em Maria, mãe de Jesus. Aquela que esteve naquele cenário chocante que deve ter sido o calvário, aquela mãe que viu o filho ser pregado na cruz ao lado de dois bandidos. Mesmo sabendo que ele nada fez. João foi o único dos apóstolos a percorrer o caminho da morte de Jesus, e algumas mulheres, corajosas e santas, a primeira delas, Maria, a mãe. Ao pé da cruz estava ela em silêncio, suportando tudo como uma serva do Senhor. Em atitude corajosa ela não se deixa abater pela desgraça, uniu seu espírito ao de seu filho, mesmo com o coração todo em pedaços. Se Jesus inclinou a cabeça em sinal de aceitação da sua morte, Maria levanta seus olhos para a cruz como num gesto de oferenda do próprio filho ao pai. Mãe e filho, unidos pelo mesmo amor salvador. Se essa mãe pode suportar tudo isso e aceitar essa morte, esse sofrimento, minha mãe também pode, tomando como exemplo esse modelo de mãe, de esperança, de fé e de amor ao próximo. Ela se agarrou a mãe maior e foi em frente, seguindo sua vida e recomeçando todos os dias. Como disse, nunca perguntei, mas percebo pela sua força, sua fé, sua coragem e seu amor que ela conseguiu.

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