No próximo domingo Eduardo faria 47 anos e ainda não sei como será esse dia. Talvez seja a data mais dolorosa desse luto. Não quero ficar triste, mas acho que vai ser inevitável, pois a semana começou e já me sinto angustiado. Nesses 19 anos nunca deixamos de comemorar seu aniversário. E no início comemorar era o mais fácil, difícil mesmo era resolver o que comprar de presente. Claro que com o passar do tempo fui percebendo que era muito simples presenteá-lo porque Edu gostava de tudo. Mas no começo eu não tinha noção dos seus gostos e queria sempre comprar a blusa mais cara, o relógio mais caro, cordão de ouro, sapatos, enfim, objetos de marca. Logo percebi que não precisava fazer isso. Comprar presentes para ele não era mais um bicho de sete cabeças, tanto que nem precisava de datas para isso, bastava passar por uma loja e ver algo que ele gostaria que comprava. Havia vezes que caia na besteira de perguntar o que ele queria e recebia de resposta, “muitos beijos”. Hoje fico rindo da saudade de ouvi-lo dizer isso, mas eu ficava com raiva quando não me ajudava. Trocávamos tantos presentes sem precisar de datas que chegamos num ponto que não sabíamos mais o que dar um ao outro. Na dúvida restava comprar calças, blusas ou sapatos brancos, já que para um médico isso nunca é demais.
Mesmo sendo tímido Edu gostava de comemorar seu aniversário e comemoramos em festas surpresa, jantando a sois ou com amigos, viajando, ou em grandes festas. Mas nunca passamos separados. Mesmo quando a data caia em dia de semana ele dava um jeito de nos encontrarmos para jantar e no final de semana comemorávamos com os amigos. Nessa semana eu já teria anotado na minha agenda a data que compraria o presente e já teria todo o esquema pronto para a sua festa. Como vai cair num domingo, com certeza faríamos um almoço.
Deixava o presente escondido e tentava acordar mais cedo que ele para presenteá-lo antes de levantar da cama. Momentos que não vou esquecer nunca. Se fosse roupa ele experimentava na hora, na verdade experimentava tudo, e eu olhando fixo, inseguro, me certificando se havia gostado. Agradecia com abraços e beijos. Não me lembro de nenhum presente que tenha dado que não tenha gostado. Acho que me beijaria agradecido por qualquer presente que desse porque era tão carinhoso que só por ter lembrado a data já seria motivo de felicidade.
Essa data nunca passou em branco desde que nos conhecemos e nunca deixei de presenteá-lo. Gostava de fazê-lo feliz e era um agradecimento por existir, por tê-lo conhecido e por me fazer feliz também. Por isso não posso deixar esse dia passar em branco, quero continuar agradecendo os momentos felizes e o privilégio de ter convivido com uma pessoa tão especial. Já que comemorar é lembrar juntos, preciso dos amigos por perto para juntos lembrarmos os momentos alegres e divertidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário