Está chegando o segundo turno e temos dois candidatos sem muitas diferenças entre si. Pobre de nós eleitores. Ambos possuem postura defensiva e discursos vagos, principalmente nas questões relacionadas aos movimentos gays. Devido às pressões de evangélicos e católicos sobre o casamento gay e o Projeto de Lei 122 que criminaliza a homofobia, os dois candidatos tem tentado dissociar oque consideram direitos civis e as questões religiosas.
Logo após o primeiro turno os candidatos expuseram opiniões semelhantes. Dilma disse que não enviará ao Congresso leis de impacto na religião, mas frisou que “a união civil diz respeito aos direitos civis” e que o casamento “diz respeito às igrejas e ninguém pode interferir”. Sobre o projeto de lei 122 endossa a criminalização do preconceito, mas considera haver excessos na lei, ao punir manifestações na igreja contrárias às relações homoafetivas. Serra afirmou que “é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas, no que se refere ao casamento gay, cabe às igrejas tomarem sua posição”. Mas perguntado sobre o Projeto de Lei 122, não respondeu.
Ambos estão achando que é melhor voto religioso que voto progressista. Infelizmente os temas ligados as reinvindicações dos movimentos homossexuais estejam sendo usados como moeda de troca de grupos religiosos, conservadores. Os candidatos estão deturpando a luta pelos direitos homossexuais e estimulando a homofobia, ao confundir união civil com casamento religioso. O movimento homossexual nunca lutou pelo casamento religioso, mas sim pela aprovação do projeto de união civil, que há 15 anos tramita no Congresso. É muito comum por parte de políticos e da sociedade uma confusão no que diz respeito ao casamento homossexual. Confundem-se os termos e levando a questão de direitos civis para a esfera religiosa. Este tema é tratado como tabu e nenhum candidato tenta desmistificar.
A militância gay jamais pleiteou o casamento dentro de uma igreja. Custo a acreditar que os candidatos a presidência não saibam a diferença de casamento civil e casamento religioso. Diferente do que muitos afirmam, em todos os países em que o casamento foi aprovado, a lei teve apoio presidencial. Sem este apoio, dificilmente uma lei destas teria chances de ser aprovada no Congresso Nacional, e mesmo que fosse ainda correria risco de veto.
Sobre o Casamento religioso, é preciso respeitar a convicção religiosa de cada um, e cabe a cada religião discutir se deve ou não reconhecer casais gays. Entretanto, casamento religioso não é algo que o movimento gay buscam. O que se busca é o casamento civil, e isto quem pode garantir é o Estado, e não as instituições religiosas.
Casamento civil é um tipo de União civil em que o Estado concede direitos e impõe obrigações ao casal. O que ocorre nessa campanha é que, em vez de informarem isso, algo simples, os candidatos preferem dizer que casamento acontece apenas na igreja e prometer aos gays uma espécie de “União Civil”. Infelizmente, para muitos, só podemos dividir patrimônio, como se neste tipo de relacionamento não pudesse existir afetividade e outros compromissos. No fundo, estas relações já existem, apenas não gera direitos, por isso a militância procura esse reconhecimento.
Dizer que heterossexuais se casam e homossexuais “se unem”, traduz numa reafirmação de discriminação pura e simplesmente.
Um comentário:
Mal posso acreditar que candidatos a presidência sejam tao imbecis (ou que nos creiam imbecis) para dizer que casamento cabe à igreja... E casamento civil?? Aliás, casar só na igreja nao valeria para absolutamente nada perante a lei. Será que já ouviram falar de separação entre igreja e estado??? O Brasil parece retroceder em questoes sociais em vez de avançar. Viva a Argentina!
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