domingo, outubro 03, 2010

18 anos sem meu irmão.

Minha mãe foi ontem ao jardim da saudade porque hoje faz 18 anos que meu irmão se foi. Claro que já havia vivenciado outras perdas na família, de pessoas queridas e amadas, mas nunca alguém tão novo e tão próximo. Crescemos dormindo no mesmo quarto, uma cama ao lado da outra, estudando nas mesmas escolas, gostando das mesmas coisas, indo aos mesmos lugares. Talvez por isso tenha sido minha primeira grande perda. Eu tinha 29 anos e ele 28. Tão novo e tão cheio de vida. Difícil não continuar lembrando uma pessoa como ele. Tinha uma alegria de viver imensa, um jeito elétrico e agitado de ser, com certeza iria adorar todas essas invenções tecnológicas desse tempo. Fico pensando na quantidade de celulares que iria ter, nos tipos de notebook que gostaria nos DVDs que iria me pedir para gravar, nos incontáveis CDs de música que iria fazer, enfim, uma infinidade de modernidades que ele adoraria ter. Era um cara tão antenado com o mundo, mesmo antes de ser falar em globalização que tenho absoluta certeza que estaria sintonizado com tudo que há de mais moderno. Mas, infelizmente, quis o destino que ele não chegasse a vivenciar esses avanços todos.

Não teve um dia da minha vida depois que ele se foi que eu não rezasse para ele. Nem tinha muito conhecimento sobre a doutrina espírita, mas sempre pedia para que ele estivesse bem e evoluindo espiritualmente. Quando passava por algum sufoco invocava sua ajuda. E sempre fui atendido. Poderia contar uma infinidade de situações que passei onde houve seu dedo amigo, mas essas coisas se experimentam, não há como explicar. Não poderia ser diferente, mesmo tendo um gênio difícil, era muito carinhoso e amigo. Era divertido e muito brincalhão. Sinto falta das suas brincadeiras de dar nomes as pessoas. Ele adorava inventar nomes e batizava as pessoas com nomes esquisitos ou engraçados.

No último dia 07 de junho escrevi no blog sobre ele, pois era o seu aniversário. Estava numa fase que não conseguia dormir direito, ficava a noite escrevendo e quis homenageá-lo. Eram 3 horas da madrugada e eu estava sozinho na sala e começava o texto dizendo justamente desse seu gênio difícil. Na verdade a idéia era justamente tocar nos seus defeitos pra depois exemplificar todas as suas qualidades, mas não deu certo. Tive que mudar o início porque ele não gostou muito quando falei sobre sua arrogância, sua prepotência, suas grosseiras e suas raivas intempestivas. Levei um susto porque ouvi um barulho que não consegui identificar, justamente quando escrevia essas palavras. Parei de escrever e me levantei para ver de onde vinha aquele barulho, que naquele silêncio da madrugada ecoou mais forte. Quando passei pela estante vi um porta retrato virado com a foto para baixo. Quando fui desvirar, um susto e uma risada ao mesmo tempo. Era o porta retrato com a foto do meu irmão! Arrepiei-me todo, mas não pude deixar de dizer para ele: “Você não gostou nada do que estava escrevendo né?”. Impressionante. Foi como se alguém tivesse virado o porta retrato com força, revoltado com alguém lhe ofendendo. O mais impressionante é que na posição onde o porta retrato fica, se tivesse tombado para frente, teria derrubado outros porta retratos e alguns anjinhos de cerâmica que tem na frente. Era madrugada, nenhuma porta nem janelas abertas, portanto não poderia ser o vento como alguns podem pensar. Não tive dúvidas. Foi ele que naquele momento estava comigo, feliz pela homenagem que iria fazer, mas quando viu o que escrevi, não achou nada lisonjeiro e reclamou. Quem o conheceu sabe que era bem típico dele, extravasar a raiva.

Pois bem, esse fato já aconteceu faz tempo, e contei para poucas pessoas. Não quis ficar enaltecendo isso justamente porque fazia um mês que havia entrado para a doutrina espírita e poderiam começar a dizer que estava ficando fanático e vendo coisas. Não tinha forças para segurar essa onda caso começassem a achar graça desse fato. Agora me deu vontade de contar, especialmente hoje, como prova realmente que a morte não existe. Como disse, certas situações não se explicam, vivenciam-se e pronto.

Que a paz do Senhor esteja contigo, meu irmão!



3 comentários:

deissinha disse...

Oie ze carlos.

Voce lembra que tudo que passavam vendendo na rua ele comprava.E mesmo depois de falecido as vezes ele apertava a bunda da tia Izette la na cozinha da casa da mamae.Com toda certeza ele estara sempre olhando por todos nos e nos esperando para o grande encontro.

beijos

deise

Ieda Ribeiro disse...

oieeeeeeeeeeeeeeee Zé Carlinhos, só hoje tive tempo para ler suas mensagens...estou escrevendo essa mensagem e chorando ... parece que estou vendo o Landinho, exatamente como voce o retratou, me deu uma saudade tão grande! Quanto é intenso o amor que sinto por ele apesar do tempo que está longe de nós nessa vida terrena. Tenho certeza que ele nos acompanha com toda a sua irreverencia, bondade, impetuosidade ... Te amo!!! beijos

Renata Lira disse...

Oi, Zé...
Nossa fiquei tão emocionada ao ler a mensagem...
Acredito que as pessoas que se vão, se vão com uma missão especial de proteger a todos nós, nos guiando para sermos pessoas melhores.
Sempre lembro do Lando como uma pessoa super alegre e que dava maior moral pra gente, que era criança e chaaaata. Mas ele era um crianção e a gente adorava isso...
Tb rezo para que ele e todos entes queridos tenham muita luz e olhe por nós, que precisamos tanto!
Sabe que muitas vezes, tive certeza da presença do Lando ao nosso lado, principalmente quando o Arthur olha pra foto na parede, desde pequenininho e se simpatiza, como se o conhecesse. E com certeza, ele conhece, pena que não lembrará!
Posso não demosntrar muito, mas amo todos vcs!
Fique com Deus!