Hoje faz sete anos que o Nino morreu. Triste dia aquele 30 de setembro. De tanto tomar hidantal e gardenal e outros tantos medicamentos para protegê-lo das crises de epilepsia que seu coração parou de bater. Morreu nos braços da minha mãe, eu ao lado e do outro lado da linha o Eduardo tentando nos acalmar, pois não havia muito que fazer. Ficamos transtornados. Só quem tem animais sabe a dificuldade que é passar por essa situação. Lembro que nem eu nem minha mãe dormimos naquela noite. Colocamos ele na sua caminha, o cobrimos e cochilamos apenas. Vez por outra acordávamos com algum barulho, parecia que estávamos ouvindo as patinhas dele caminhando para fazer xixi na área. Acordamos várias vezes com essa sensação, de que ele estava vivo ainda. Foi uma longa noite. O dia amanheceu e Edu passou para buscá-lo para levar para cremação. E ele se foi.
Nino era um boxer que caiu da boca da sua mãe quando ela levava seus filhotes, um a um para o terraço da casa onde morava. Ela estava acostumada a ficar nesse terraço mas seus donos acharam por bem trazê-la para baixo quando ela começou a entrar em trabalho de parto. Logo que se sentiu forte, retornou para seu cantinho mas infelizmente deixou cair um, que acabou rolando pelas escadas. Isso lhe causou sérios danos. Os sintomas da epilepsia só vieram a aparecer quando ele completou um ano, e com certeza em decorrência dessa queda. Ficamos sabendo dessa história pelo seu dono, que o levou para a Clínica Cara de Bicho para tratá-lo. Tinha um hematoma na cabeça e sérios problemas de locomoção que foram sanados lentamente pelas mãos abençoadas da Dra. Carmem e do Dr. Eduardo. O dono sem ter como pagar esse tratamento e sem ter condições de vender esse animalzinho, o largou na clínica.
Os dois andavam com esse cãozinho para todos os lados. Mesmo nos finais de semana Edu levava para o apartamento para alimentá-lo e não deixá-lo só. Foi ai que passei e me envolver com aquele animalzinho tão pequenino. Não tinha mais animais fazia uns 16 anos e fiquei bastante sensibilizado pela história daquele cãozinho. Resumindo, ganhei de presente do Eduardo com a promessa que me ajudaria a cuidar. Passou a ser no nosso meNINO.
Ele crescia forte e aparentemente sadio. Tinha dificuldades na coordenação motora e não latia. Ficamos emocionados quando no seu primeiro banho ele latiu por várias vezes. Pronto, nesse momento sabíamos que ele tinha que ser nosso. Uma alegria para nossas vidas. Quando achamos que ele havia superado todas as seqüelas do tombo, teve a primeira crise. Não entendemos nada ao vê-lo se debatendo com a língua para fora, com várias convulsões. Um susto. Edu diagnosticou a epilepsia e foi se informar com outros colegas, comprou livros e procurou saber tudo sobre doença para aplicar a dose ideal para abrandar essas crises. E conseguiu. Tudo que ele aprendeu nos repassou para que pudéssemos conviver sabendo como tratar de um cão epilético. Só assim pudemos amenizar suas crises e adequar tudo para o seu bem estar. Nino foi um cão feliz por oito anos e iluminou nossas vidas por esse tempo. Era um cão alegre que adorava correr pelo quintal. Era um pouco desengonçado é verdade, tinha limitações, mas era o nosso cão e achávamos graça em tudo que ele fazia. Um bonito cão que alegrou muito as nossas vidas quando esteve por aqui. Saudades de você, saudades do seu cheirinho e das suas mordidinhas.