Não consigo me desfazer de alguns objetos do Eduardo, um
deles continua na pia do banheiro, intocável; seu pente e sua escova de
cabelos. Quem o conhecia sabe que levava essa escova para todos os lados,
ficava dentro do porta luvas do carro para que pudesse ajeitar seus ralos
cabelos. Tinha essa mania. Uma coisa que sempre o incomodou e o preocupou foi
de ficar careca e por isso fez de tudo para cuidar para que isso não
acontecesse, fazendo desde implante até remédios, passando por xampus e cremes.
E Essa escova tinha papel especial, pois dava o toque final para colocar seu
topete no formato que ele gostava. Era uma companheira inseparável.
É também no banheiro, mais precisamente atrás da porta que
está à cueca que gostava de dormir e de ficar em casa. Lembro exatamente quando
a tirou para se vestir para ir para Nova Iguaçu e nunca mais retornar. Ela continua
lá do mesmo jeito, posso até sentir seu cheiro se fechar bem os olhos. Sempre
digo que hoje vou tira-la de lá e guardar, mas acabo desistindo não sei por quê.
Fico empurrando para o dia seguinte e assim ela continua até hoje ali, junto da
sua coleção de bonés.
Uns já distribui, outros continuam ali pendurados, usados
somente por ele. No sol não saia sem porque se preocupava justamente em não
queimar a careca. Sei que vai chegar o momento de me desfazer desses objetos,
mas por enquanto eles vão continuar onde estão, pois não me incomodam nem um
pouco lembrar cada momento que usava cada um deles.
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