Quando eu era pequeno sempre ouvi dizer que era para desviar de gato preto que dava azar. Pelo sim, pelo não, sempre que possível eu desviava. Mas como desviar dos gatos quando eles moram na sua casa? Impossível! Na verdade dão muito mais alegrias que azar. Mesmo porque não acredito em azar. Mas de onde vêm essas superstições todas?
Devido aos seus hábitos noturnos, decorrentes provavelmente da preferência pela caça não só de ratos, como também de répteis, pequenas aves e até mesmo a apanha de peixes, quando ela é possível, fizeram nascer e crescer na Idade Média a idéia de que ele tinha parte com o demônio, principalmente se fosse preto, porque essa era a cor que simbolizava as trevas onde o diabo vivia. E essa crença chegou a tal ponto que o papa Inocêncio VIII (1432-1492) não hesitou em incluí-lo na lista dos “mais procurados” pelo tribunal eclesiástico conhecido como Inquisição, responsável pela condenação, mutilação e morte de um número indeterminado de homens e mulheres acusados da prática de bruxaria, feitiçaria ou heresia.
São muitas as histórias sobre a fama negativa dos gatos. Numa delas, diz-se que em certa noite de 1560, um deles, de cor negra, foi perseguido a pedradas por algumas pessoas. Machucado, ele procurou refúgio na casa de uma velha senhora que costumava abrigar esses animais sem dono. No dia seguinte, os moradores da Lincoln Shire – cidade inglesa onde supostamente ocorreu o caso – perceberam que a anciã também apareceu machucada, surgindo daí a conclusão de que ela era uma bruxa, e de que a forma de gato nada mais era que seu disfarce noturno. Também na França os gatos não tinham boa vida. Mas em 1630 o rei Luis XIII (1601-1643) resolveu amenizar o dia-a-dia desses felinos proibindo que fossem perseguidos. Uma outra história conta que Charles I (1600-1649), rei da Inglaterra, acreditava que seu gato preto lhe trazia boa sorte, e seu medo de perdê-lo era tanto que o mantinha dia e noite sob vigilância. Um dia depois da morte do gato, ele foi preso e em seguida executado.
Na mitologia escandinava, uma lenda sobre Freia, ou Freija, deusa do amor e patrona da fecundidade, diz que sua carruagem era puxada por dois gatos pretos que depois de servi-la por sete anos transformavam-se em feiticeiras. Tempos depois, já na Idade Média, esses felinos foram associados ao demônio, e por serem animais de atividade predominantemente noturna, criaram em torno de si a idéia de que além de sobrenaturais e servidores de bruxas, ou até mesmo as próprias bruxas, eram também possuidores de poderes apavorantes e personificação do mal e do mistério, daí porque qualquer coisa de ruim que acontecesse, a culpa lhes era sempre atribuída. A história também revela que em tempos passados a punição por determinados crimes incluía a extirpação da língua do condenado, sendo esse órgão dado em seguida aos animais. Quem garante que não tenha se originado daí a frase "O gato comeu sua língua?".
Muito embora os gatos domésticos não sejam mencionados na Bíblia, a lenda assegura que eles foram criados quando em determinado momento a Arca de Noé ficou infestada de ratos. Para resolver o problema, Noé ordenou que o leão espirrasse, e foi desse espirro que se formou o gato.
Texto do site: http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br
Um comentário:
Oie Ze Carlos.
Que lindos!!!!!
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