Hoje é dia de São Cristovão, considerado o protetor dos viajantes e dos motoristas.
E com certeza o Eduardo teve essa proteção, pois o que ele precisava do carro para ir fazer seus atendimentos não era mole. Ia de um ponto ao outro da cidade durante várias vezes por dia. Por isso era tão bom motorista. Embora fizesse a linha de “não tô nem ai para dirigir”, eu sei o quanto ele tinha prazer em pegar o carro e sair pelas ruas e estradas. Não era uma sensação de poder e dominação, tinha esse prazer, mas com responsabilidade. Claro que era impaciente como todos que estão num engarrafamento, mas era aquele motorista que deixava todos os caronas tranqüilos, pois sempre respeitava os limites de velocidade, não criava suas próprias regras de trânsito, ele tinha autocontrole.
Estou escrevendo sobre isso porque me lembrei de um fato para exemplificar bem quem era esse cara. Esse fato aconteceu bem antes do cinto de segurança ser obrigatório. Quando eu o conheci ele era um dos poucos que andava atrelado ao cinto. Eu como não tinha o hábito, algumas vezes esquecia. E isso quase me custou caro. Certa vez um maluco freou bruscamente na nossa frente e ele também teve que frear rapidamente. Com a mão esquerda segurou firme no volante, e com a direita ele esticou em meu peito para que eu não batesse com o rosto no vidro dianteiro. Protegeu-me do impacto que poderia ter me machucado. Com seu autocontrole, consciente de toda a situação, conseguiu não bater com o carro e ainda teve essa preocupação comigo. E estávamos apenas começando um relacionamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário