Quando criança lembro-me de minha mãe participando das festas juninas da escola onde estudava, indo nas reuniões de pais, ajudando nas festas quando era preciso. Enfim, sempre a vi como uma pessoa amável e prestativa. Quando não conseguia dormir, ela me rezava e ainda colocava uma pena azul debaixo do meu travesseiro como proteção para bons sonos. Essa peninha quem havia dado era uma entidade que meu tio Orlando recebia e deu a ela para acalmar as crianças. Não sei que fim levou essa peninha, mas esse instinto protetor sinto até hoje.
Minha mãe sempre foi incansável, faz mil coisas ao mesmo tempo. Sempre preocupada com nosso bem estar. Acompanhava-nos em todos os lugares, mesmo quando já éramos “maiores”. Lembro que quando fomos desfilar pela primeira vez, isso em 1982, nos levou de madrugada para o desfile campeão do Império Serrano. Essa presença foi muito importante para termos segurança e conhecimento do que era certo.
Muito prestativa, sempre está pronta a ajudar a todos em qualquer situação. Não há hora nem dia. Sua força é um exemplo para mim, principalmente nos momentos limites como demonstrou na doença do meu avô, no acidente com meu tio Gérson, no momento difícil que minha avó atravessou até falecer e culminando na dor maior que imagino, quando meu irmão morreu. Não sei de onde tirou tanta força nessa sucessão de momentos tristes em tão curto espaço de tempo.
Felizmente vieram momentos de calmaria, de paz e tranquilidade. Pude retribuir um pouquinho de tudo que ela me deu nesse período, dando-lhe uma viagem para Porto Seguro. Passou a ser meu braço direito e muitas vezes os dois braços quando chega o período de carnaval. Auxilia-me desde as compras de material até na pior parte que é a confecção de centenas de roupas. Um período de muito trabalho que ela realiza com a maior competência e satisfação. Não consegue ficar parada, muitas vezes se oferece para ajudar. Como foi no período da doença do Eduardo, em alguns exames que eu não pude ir ela ficou ao seu lado. Não podia ser diferente. Os dois se gostavam muito. Tinham muitas afinidades, como cozinhar por exemplo. Se ele aprendeu muitas coisas com ela, ele lhe ensinou muitas coisas também, principalmente no trato com os animais. Tanto assim que ela passou a ser "aquela" a quem na rua chamam para tudo que diz respeito a cuidar dos animais.
No ano passado, quis lhe dar um presente especial, uma viagem para aproveitarmos o feriado e foi o que fizemos. Um mês antes eu e Edu ficamos pensando em qual cidade seria melhor, serra? Praia? Lagoa? Decidimos por Paraty porque tem praia, tem cachoeiras e montanhas. Resolvemos isso em outubro e fiz as reservas. Por um momento íamos desistir porque ao descobrir a doença, me preocupei. Mas Edu se sentia bem e disse que iriamos sim. Hoje sei que foi a decisão certa que tomamos porque foi uma viagem maravilhosa.
Saímos a tarde e pegamos um baita engarrafamento, mas nada que tirasse a alegria e as brincadeiras. Meu pai achando que seria um programa de índio e Edu sacaneando ele o tempo todo. Compramos vários pacotes de pipoca dos ambulantes que circulavam no meio do engarrafamento. Assim foi o início de um feriado muito alegre e que terminou com um café da tarde surpresa no hotel com a chegada da tia Ieda, Francisco, Patrícia e João. Nossa última viagem juntos e tinha que ser com ela.
Sempre foi importante retribuir todo carinho e amor que ela me deu a vida inteira. Não sei se sou um bom filho, mas sempre me esforcei para nunca decepciona-la nem envergonhá-la. Confio demais nela. Aliás, confiávamos porque era a única que tinha as chaves do apartamento. Era nossa cúmplice para todos os momentos. Quando comprávamos algo para o apartamento era a ela quem pedíamos para ficar. Quando precisamos instalar algo era ela quem recorria. Nunca me negou ajuda.
Quando eu cansado, perdendo as forças de ir para o hospital passar mais uma noite com o Edu, era ela quem me sacudia, me rezava e dizia “vai porque ele quer você ao lado dele”. Acompanhava-me até o metrô para me distrair e com certeza ficava a rezar emanando toda sua energia para que eu ficasse forte, como ela foi várias vezes. E Foi para ela quem liguei quando senti que Edu estava nos deixando. Eu perdido pela cidade sendo resgatado por amigos e ela saindo de casa para ir ao hospital para lhe dar um último adeus e por em suas mãos um terço.
Essa é minha mãe, uma pessoa de amor e bondade infinitos. Eu voltei a ser criança nessa fase solitária e ela é quem continua me fortalecendo, me alimentando, cuidando de mim. Acho que sua função será sempre essa, trazer alegria, força, coragem, fé e proteção. Tem feito por mim uma infinidade de coisas, que nem tenho como enumerar e agradecer. Muitas coisas ela adivinha ou percebe. Não me critica nunca, me dá forças e sinto que posso contar com ela sempre, a todo instante. Por isso, tudo que eu for fazer daqui para frente será pensando nela, só para ela. Não vou agradecer aqui porque faço isso a toda hora, mesmo ela dizendo que não precisa. Vou somente lhe dar os parabéns e dizer que não sei o que seria de mim sem você. Te amo muito!
2 comentários:
oie ze carlos
Bela homenagem para sua mae.Fiquei muito emocionada pois podemos rever aqueles ja se foram mais que
continuam juntos de todos nos.Que Deus te abençoe,te proteja e te ilumine. Beijos.
Deise
oieeeeeeeeeeeeee Zé Carlinhos, sua mãe é GUERREIRA!!! Deus a abençoe!!!
Qantos às pessoas amadas, ausentes de nossas vidas terrenas, tenho plena certeza que ELES estão felizes compartilhando das nossas alegrias e fazendo-nos fortes para enfrentarmos os momentos difíceis.Foi muito bom revê-los aqui em fotos.
Beijos, Ieda
PS: ONtem, dia de Todos os Santos e aniversário de sua mãe, recebi um presente vou ser vovó...kkk
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