O céu deste mês faz lembrar a famosa obstinação atribuída às pessoas desse signo doce, paciente e conservador, o touro. Aprendi com eles que a estabilidade é uma de suas maiores exigências. Certa vez um desses taurinos comentou comigo que só conseguia se imaginar seguro se estivesse com as “quatro patas” firmes no chão. Só a idéia de lhe faltar o apoio de uma já o punha em estado de pânico.
Tudo de que um taurino precisa é se sentir seguro de que nada irá lhe faltar. Você quer ver um taurino com as narinas abertas, bufando, à beira da loucura? Basta negar-lhe um desejo ou deixá-lo inseguro de seu afeto, e você conhecerá o lado emburrado e teimoso que só um taurino é capaz de ter. Mas como negar a ternura desse touro forte? Associado diretamente ao planeta Vênus, deusa do amor e da beleza, o universo do taurino se reveste, além da perseverança, de charme, sensualidade e afeto.
Um outro delicioso detalhe inspirado pelo céu taurino é a potência do afeto. Vênus é o planeta que, para a astrologia, simboliza a força da atração, força essa que promove o encontro e constrói a aliança que liga um ser ao outro. Hoje nos encontramos individualistas demais, olhamos exageradamente para nossos próprios umbigos e nos esquecemos de lançar um olhar generoso para o outro. As ligações atuais são frágeis e se dissolvem facilmente nos primeiros desafios. Mais uma vez, há pouca perseverança e muito pouco trabalho de construção dos relacionamentos.
Por isso, é muito bom sermos lembrados pelo céu atual que a obstinação atribuída aos taurinos pode ser implementada de forma construtiva no modo como direcionamos nosso desejo. Pois que saibamos persistir quando o mais fácil é trocar um desejo por outro.
Crônica publicada na Revista O Globo de 08 de maio de 2001 – por Claudia Lisboa
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