Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia

Como Uma Onda

 Lulu Santos / Nelson Motta

Nada do que foi será

De novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa

Tudo sempre passará

A vida vem em ondas

Como um mar

Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é

Igual ao que a gente

Viu há um segundo

Tudo muda o tempo todo

No mundo

Não adianta fugir

Nem mentir

Pra si mesmo agora

Há tanta vida lá fora

Aqui dentro sempre

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Como uma onda no mar

Às vezes me sinto como um passarinho que vive numa gaiola com a porta aberta e que, por medo, não consegue sair, achando que esta é sua única realidade. A minha realidade é um passado feliz que não volta mais. Luto comigo mesmo para aceitar que as coisas mudaram que as mudanças fazem parte da realidade da vida e preciso aprender a conviver com elas para que eu não perca as oportunidades de ver “que há tanta vida lá fora, aqui dentro, sempre”.

É muito difícil lidar com essas mudanças, já que eu tinha uma vida bem diferente dessa nova realidade. Uma realidade que nem sei qual é. Por isso talvez o medo algumas vezes. Estou tendo dificuldades em aceitar que aquele passado não volta mais. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa”. Pra mim isso é triste demais. Como se tivessem me roubado a vida e agora estou sem nada, tendo que recomeçar do zero. E às vezes o que me impede é o apego emocional que carrego e com isso resisto aos movimentos dessa nova realidade que está em tudo a todo instante. Acabo sofrendo por pensar que as situações boas acabaram. “Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo” retrata bem o meu medo das mudanças. Eu sei que elas existem, mas eu preferia que devolvessem a minha vida anterior. “Tudo passa, tudo sempre passará”. Existirão novos momentos, novas situações, novas realizações. Não como aquelas que vivi, também não sei se serão tão boas, mas elas existirão.

Tudo neste mundo como objetos, pessoas, sentimentos e pensamentos são fenômenos que surgem, ficam por um tempo e, depois, desaparecem. É desalentador perceber isso, mas é a vida real, que nos mostra que nada é para sempre. Se pensar nas coisas ruins, é bom que seja assim, mas quando penso nas coisas boas é uma tristeza imensa.