Toda mãe deve achar que seu filho é a sua vida, mas uma mãe
que chama seu filho de vida e não pelo nome eu nunca tinha ouvido até conhecer
a D. Lucia, pois era assim que ela chamava o Eduardo. A conheci meses depois
que começamos a nos relacionar e foi justo numa das suas viagens anuais para o
Espírito Santo junto com Sr. Edson. Fiquei meio sem jeito mas como ela gostava
muito de conversar e me considero um bom ouvinte, o feriado foi bem menos traumático
do que eu imaginava.
Conhecendo a sua história, seus problemas de saúde, sempre a
tive como uma mulher forte, de fibra, mesmo tendo dificuldades de locomoção que
com o tempo e com a morte do Eduardo acho que essa força e fibra foram
diminuindo. Afinal, sua “vida” já tinha ido.
Nossa relação sempre foi esquisita, gostava dela, de ouvir
suas histórias mas ela me parecia somente ser amorosa com o Eduardo. Ela não
retribuía um beijo na face por outro, e aquilo me deixava incomodado. Aos
poucos e com o tempo fui vendo que era assim com todos.
Ainda estou atordoado com a notícia de sua morte hoje,
dentro de mim tinha esperanças que ainda pudéssemos nos encontrar novamente e
ouvir mais histórias. Quem sabe eu poder contar as minhas.
Minha alegria é pensar nela sendo recebida pela sua “vida”
no plano espiritual. Com certeza seu sorriso vai nos iluminar a todos ao
receber todo carinho e atenção daquele que em vida fez tudo por essa mãe.
Descanse em paz.