Acho que tinha nove anos quando cheguei bem próximo de ver
papai Noel. Fomos obrigados a dormir e por volta da meia noite fomos acordados
e no meio da sala tinha as nossas bicicletinhas. Meu pai ainda disse que se corrêssemos
até os fundos ainda pegaríamos o bom velhinho. Saímos em disparada, olhamos
para o céu e nada. Achei que não corremos o suficiente. Pois bem, esse acho que
foi meu Natal mais marcante, inesquecível.
O tempo passou e aos poucos tudo foi se modificando, as
ausências na mesa são sentidas e faz com que não haja tanta alegria. Claro que
muitos outros foram especiais como aqueles passados na casa da minha vó Gilda,
casa cheia, muita comida e muitas brincadeiras.
Conquistar o sonho do apartamento também foi marcante porque
foi próximo a essa data que ele ficou pronto e era como um grande presente
ganho. Eduardo na verdade foi um grande presente na minha vida, me renovou como
pessoa, me trouxe alegrias na parceria, na amizade, no amor. Todos esses natais
passados com ele foi especial e também me trouxe momentos bem marcantes, não só
pelos presentes, mas principalmente por querer estar comigo e minha família
antes de ceiar com a sua. Ainda consigo ouvir o barulho do carro estacionando,
ele chegando com os pacotes todo arrumado para beber um vinho e nos prepararmos
para comer. Eram momentos bem especiais
que eu compreendia perfeitamente que ele tinha que ir antes da meia noite, era
hora de trocarmos nossos presentes, de desejar feliz Natal e confirmar que no
dia seguinte estaria aqui novamente. E
assim foram todos esses anos.
Com a sua perda prefiro estar recluso, com minha família,
mas quieto no meu canto, pensativo, um pouco melancólico, um pouco reflexivo. É
assim que vou estar em mais esse Natal, pensando nesses momentos todos, nos
presentes todos e nessas pessoas todas.
Feliz Natal para todos!