Só quem trabalha com carnaval sabe o quanto é complicado
montar 100 fantasias em tão curto espaço de tempo. Não é como montar uma festa
onde basta ligar e contratar os serviços que precisamos. No carnaval não é
assim por que nada do que precisamos existe: nós é que temos que fazer existir.
E isso repetidas vezes. É difícil até explicar, mas o fato é que são quilômetros
e quilômetros de panos, de paetês, de galão, de al Jofre, enfim, uma lista
infinita de materiais que só mesmo quem trabalha com carnaval sabe que existe.
E para dar vida a isso é necessário ter um grupo afinado. Tem que saber que é
muita ralação e desgaste. Tem que saber que trabalhar com cola quente pode
queimar as pontas dos dedos e a cola fria pode dar dor de cabeça. Tem que saber
que as pernas podem doer por ficar em pé ou sentado por muito tempo. Não é nada
fácil. São poucos meses onde precisamos correr contra o tempo e por isso temos
que driblar o cansaço. O descanso fica para o resto do ano.
E ao longo desses anos trabalhando com fantasia, fui
arregimentando um grupo que me dá segurança e orgulho. São pessoas que tem
pique para esse tipo de trabalho e tem um bom humor que faz com que o serviço
renda para chegar ao prazo determinado. Confio plenamente em cada uma delas.
Se antes era a Gorete quem costurava as fantasias, com sua
aposentadoria passou o bastão para minha mãe e a Sonia Maria que carregam nas
costas toda a parte de costura das fantasias. Minha mãe então nem se fala, pois
trabalha incansavelmente na máquina de costura, atravessando a noite comigo se
preciso for. Mas também pude contar com a ajuda valiosa da Marília, Tia Izette
e Magda. Mas numa fantasia de escola de samba, há muito trabalho de adereço e para
isso precisamos de um batalhão de gente para ajudar na decoração das peças.
Simone e Flavinha (muitas vezes me ajudaram madrugada adentro), Luciana
(secretaria do Eduardo que já costurou 100 saias de palha), Regina e Valéria (essas
duas trabalham com um ritmo impressionante e sempre com um sorriso no rosto),
Wagner (que além de ajudar na cola quente é o colocador oficial de elástico das
calças), Adriano (fala mais que trabalha, mas é uma ajuda e tanto), Rodolfo
(não acreditava nele, mas aos poucos foi me conquistando e por fim tinha o
mesmo jeito que o meu), meu pai (é aquele que faz tudo e tem idéias ótimas na
hora que a coisa parece emperrar), Odilon (muitas vezes dava um retoque quando
as soldas dos arames caiam), Elizeth (tem um ritmo excelente de trabalho e
tanto ajudava na decoração quanto na costura).
Por fim deixei três pessoas que são fundamentais para que
tudo aconteça com sucesso. Márcia e Solange são completamente diferentes, mas
se completam no trabalho e eu ganho com isso, pois ambas tem uma disposição
invejável e um bom humor que alegra o ambiente. E como não deixar de falar no
Eduardo, pois nunca me deixava sozinho nessa empreitada maluca. Nunca me desestimulou.
Pelo contrário, quando comprou um carro maior dizia que era para levar minhas
bagulhadas do carnaval. Nunca deixou de dar sua contribuição, não só nas
compras das mercadorias, mas metendo a mão na massa, quer fazendo pompom
(milhares deles) quer colando, ou simplesmente me dando sugestão de como tornar
mais rápido a feitura de alguns detalhes. Sua opinião inteligente sempre foi
muito valiosa para mim.
Por fim deixei para falar sobre aquele quem iniciou toda
essa bagunça de participar do carnaval não brincando, mas fazendo a festa: meu querido irmão.